Bloomberg — A KoBold chegou a um acordo preliminar para avançar com o desenvolvimento de um dos maiores depósitos de lítio de rocha dura do mundo na República Democrática do Congo.
A empresa, apoiada pelos bilionários Bill Gates e Jeff Bezos, chegou a um acordo com a AVZ Minerals da Austrália para comprar a participação no projeto do depósito de Manono, de acordo com uma carta assinada pelo CEO da KoBold, Kurt House, e o CEO da AVZ, Nigel Ferguson.
“O acordo permitirá que a KoBold mobilize rapidamente mais de US$ 1 bilhão para levar o lítio de Manono aos mercados ocidentais”, disseram as empresas, que estão trabalhando no acordo com os governos dos EUA e do Congo.
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O anúncio foi feito depois que o presidente do Congo, Felix Tshisekedi, se reuniu com Massad Boulos, conselheiro sênior do presidente dos EUA, Donald Trump, para a África, para discutir possíveis investimentos americanos e assistência de segurança na luta do Congo contra um grupo rebelde apoiado por Ruanda.
Tshisekedi espera que o interesse dos EUA nos minerais do Congo incentive o governo Trump a apoiar seu governo, que está vacilando em meio ao avanço rebelde no leste.
Além do lítio, a nação centro-africana é a segunda maior fonte de cobre do mundo e a maior produtora de cobalto, metal usado em baterias de veículos elétricos.
Qualquer acordo final para o lítio em torno da cidade de Manono, no sudeste do país, exigirá a resolução de vários casos de arbitragem relacionados aos depósitos.
A AVZ estava perto de iniciar a construção da mina quando o Congo cancelou seus direitos em 2023 e dividiu a permissão, entregando parte à empresa chinesa Zijin Mining Group.
A AVZ está disposta a suspender o processo de arbitragem para “facilitar as discussões” entre as partes, disseram os dois CEOs na carta.
O Congo precisará devolver a licença que contém a seção sul do projeto Manono à KoBold para que o desenvolvimento prossiga.
A KoBold propôs um plano em que a AVZ receberia uma compensação, enquanto a Zijin continuaria a desenvolver uma mina na parte norte do depósito de Manono, de acordo com outra carta endereçada ao gabinete de Tshisekedi em janeiro e vista pela Bloomberg.
O Grupo Rio Tinto também manteve conversas com o Congo e a KoBold sobre o investimento no projeto.
Os porta-vozes da presidência e do ministério de minas do Congo não responderam imediatamente às perguntas que buscavam comentários sobre o acordo entre a AVZ e a KoBold.
A AVZ informou em 2020 que pretendia construir uma mina em Manono capaz de produzir cerca de 700 mil toneladas de concentrado de lítio por ano durante duas décadas. Essa seria a maior operação desse tipo fora da Austrália.
- Michael Bloomberg, proprietário majoritário da Bloomberg News, controladora da Bloomberg LP, é um investidor da Breakthrough Energy de Gates, que detém uma participação na KoBold, de acordo com o site da empresa.
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