Bloomberg — A B3 está incorporando a tecnologia da Nasdaq para acomodar um boom de transações que começou durante a pandemia.
Única bolsa do país, a B3 (B3SA3) viu o número de investidores pessoas físicas triplicar desde 2019, superando a marca de 5 milhões. Embora o ritmo de crescimento tenha diminuído, a bolsa decidiu que precisava atualizar sua tecnologia para evitar gargalos operacionais, disse Daniel Simões, diretor de liquidação.
“Nós mudamos de patamar desde o início da pandemia”, afirmou em entrevista à Bloomberg News. “Houve uma evolução muito grande no varejo.”
Os volumes de negociação aumentaram em todo o mundo durante a pandemia de Covid-19, quando investidores individuais correram para comprar ações diantes das baixas taxas de juros. O Brasil, no entanto, nunca viu a explosão da especulação em ações meme - meme stocks - que ocorreu nos mercados dos EUA. Em comparação aos EUA, a negociação por pessoas físicas é muito pequena no país.
As transações permanecem acima dos níveis pré-pandemia, apesar da alta da Selic, que saiu da baixa recorde de 2% para os atuais 13,75% ao ano, e do retorno decepcionante do Ibovespa nos últimos dois anos.
A B3 iniciou neste mês uma parceria plurianual com a Nasdaq para o desenvolvimento de uma nova plataforma para registro, compensação e liquidação de negócios e gerenciamento de risco de contraparte.
A tecnologia apoiará o crescimento de volumes que acompanha a negociação automatizada de ações e tornará a plataforma mais amigável para investidores individuais, corretoras, bancos, custodiantes e gestores de ativos da B3, disse Simões.
“Começamos a olhar a nossa tecnologia e, para não correr o risco de obsolescência, vimos que precisávamos começar a fazer mudanças nos nossos sistemas de forma incremental.”
A tecnologia, que será implementada gradativamente, acabará por permitir que a bolsa funcione 24 horas por dia, caso o mercado assim exija. O atual sistema de compensação tem horários de funcionamento definidos, em parte devido a limitações técnicas.
A parceria com a B3 proporciona à Nasdaq a chance de desenvolver um produto com uma bolsa em rápido crescimento que busca aumentar a escala de suas operações, disse Magnus Haglind, chefe de produtos e tecnologia de mercado da empresa sediada em Nova York.
“O Brasil é um grande mercado e, pelo crescimento da economia e pelo número de investidores participantes, é preciso olhar para a tecnologia”, afirmou.
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