Mercados reagem à decisão do Banco do Japão de flexibilizar rendimentos de títulos

Investidores avaliam efeito das medidas do banco central e aguardam o resultado do deflator de despesas com consumo pessoal, o PCE, nos EUA nesta manhã

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
28 de Julho, 2023 | 07:05 AM

Barcelona, Espanha — A inesperada decisão do Banco do Japão (BoJ) de flexibilizar a curva de rendimentos no mercado de títulos movimenta os mercados. Os investidores avaliarão o discurso de Kazuo Ueda sobre a intenção da medida, que tem potencial de alterar os fluxos de fundos globais de investimento. Também estará em foco hoje o Índice de Gastos de Consumo Pessoal nos EUA (PCE), um dos mais observados pelo Federal Reserve (Fed), e os balanços de Exxon Mobil e Procter & Gamble, entre outros.

No mercado de dívida, os títulos dos EUA e da Europa caíram após o anúncio de flexibilização, ante temores de que os rendimentos mais altos no Japão podem levar os investidores do país a repatriar seus recursos alocados em títulos dos Estados Unidos e da Europa.

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O prêmio do título norte-americano para 10 anos chegou a subir 13 pontos base antes de cair 3,992% às 6:27 (horário de Brasília). Entre as divisas, a libra se apreciava e o euro perdia valor em relação ao dólar.

Os futuros de índices dos EUA operavam em alta, enquanto as bolsas europeias mostravam sinais mistos. Na Ásia, a maioria dos índices subiu, mas o Nikkei japonês caiu.

Entre as ações, a Hermes International registrava alta de 2% em Paris após relatar vendas robustas de suas bolsas de luxo. A Standard Chartered saltou 5% em reação ao anúncio de uma recompra de ações de US$ 1 bilhão.

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Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI recuavam e o ouro subia pouco, assim como o bitcoin.

→ O que move os mercados hoje

⛩️ Rota em transição. O Banco do Japão sacudiu os mercados globais ao desfazer parte de sua política monetária expansiva. Embora tenha mantido sua meta de rendimentos de 10 anos em torno de 0%, o banco central afirmou que o teto de 0,5% é apenas um ponto de referência, e não um limite definitivo. Segundo analistas, ao abolir a rigidez sobre os rendimentos, o banco abre espaço para mais ajustes nas políticas nos próximos meses. O banco manteve a sua taxa de juro negativa de curto prazo inalterada em -0,1%. O iene subiu, e o rendimento dos títulos japoneses com vencimento em 10 anos saltou para o maior nível desde 2014.

🛒Acordo fechado. O grupo francês Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar no Brasil, chegou a um acordo de reestruturação com credores, pelo qual o presidente Jean-Charles Naouri cede o controle a investidores liderados pelo bilionário tcheco Daniel Kretinsky, que irá recapitalizar a endividada rede de supermercados junto com o sócio Fimalac e o credor Attestor Capital.

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🏦 Receita em alta. O Standard Chartered obteve um aumento de 27% no lucro ajustado do segundo trimestre, para US$1,6 bilhão, e ampliou sua previsão de receita em 2023 de 10% para uma faixa de 12% a 14%. O credor, favorecido por aumento de taxas e negociações, anunciou um novo programa de recompra de US$1 bilhão.

🖥️ Recuperação em andamento. As ações da Intel avançavam mais de 7% nas operações prévias à abertura dos mercados, após a fabricante de chips apresentar lucro inesperado no segundo trimestre, de US$0,13 por ação, contra estimativa de retração de US$0,04 por ação. Além disso, a empresa fez uma previsão de vendas otimista para o trimestre atual, de US$13,9 bilhões, que superou a projeção de analistas (US$13,3 bilhões).

🇪🇺 Reação assimétrica. Na Europa, a Alemanha estagnou no segundo trimestre, frustrando expectativa de que o PIB subisse +0,1%. A surpresa positiva veio da França, que cresceu +0,5% no segundo trimestre, contra previsão média de +0,1%. A inflação no país atingiu 5% em julho, menor taxa desde o começo da guerra na Ucrânia. Na Espanha, o PIB subiu +0,4%, em linha com as previsões, e a inflação acelerou para +2,1%.

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🚘 Recordes fora da China. A Toyota Motor fabricou e vendeu um número recorde de veículos em junho. As vendas globais cresceram 9% e somaram 968.801 veículos, enquanto a produção subiu quase 10%, para pouco mais de 1 milhão de unidades. Já na China, onde a montadora demitiu cerca de 1.000 trabalhadores nesta semana, as vendas caíram quase 13%, e a produção recuou 18% em relação ao ano anterior, dado o avanço do mercado de veículos elétricos no país.

✈️ Voando alto. A controladora da British Airways, IAG SA, e a Air France-KLM mostraram resultados melhores do que o esperado no segundo trimestre, com forte demanda por viagens de longo curso e de lazer premium na recuperação após a pandemia. O lucro operacional da IAG subiu para €1,25 bilhão, ante €301 milhões auferidos um ano antes. No caso da Air France, a receita operacional aumentou 90%, para €733 milhões, acima das previsões (€649 milhões).

🧬 Acordo farmacêutico. Após divulgar vendas e lucros acima das expectativas e manter a orientação para o ano, a AstraZeneca concordou em comprar um portfólio de terapias genéticas para doenças raras da Pfizer no valor de US$1 bilhão mais royalties escalonados sobre as vendas. O acordo deve ser concluído no terceiro trimestre e dará impulso ao plano de avançar em terapias celulares e genéticas, segundo o CEO da Astra, Pascal Soriot.

👁️ Olho na tecnologia. Na China, os reguladores pediram às maiores empresas de tecnologia do país estudos de caso de investimentos bem-sucedidos em startups, segundo a Bloomberg, em um sinal de que o país pode afrouxar a repressão dos últimos anos e reativar as negociações no setor.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (27/07): Dow Jones Industrials (-0,67%), S&P 500 (-0,64%), Nasdaq Composite (-0,55%), Stoxx 600 (+1,35%), Ibovespa (-2,10%)

Resultados mistos de grandes empresas do setor de tecnologia e a expectativa por mudanças na política monetária do Japão levaram as bolsas dos EUA a um fechamento negativo. Entre os destaques, o PIB norte-americano cresceu além do esperado no segundo trimestre e o BCE confirmou a expectativa de aumento da taxa de juros em 0,25 ponto porcentual.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Preços PCE/Jun, Gastos Pessoais/Jun, Índice de Confiança do Consumidor-Univ. Michigan/Jul

Europa: Zona do Euro (Confiança de Empresas e Consumidores/Jul, Expectativas de Inflação ao Consumidor/Jul); Alemanha (IPC/Jul, Preços de Bens Importados); França (IPC/Jul, IPP/Jun, PIB/2T23, Gastos dos Consumidores/Jun); Itália (IPP/Jun, Vendas da Indústria/Mai); Espanha (IPC/Jul, PIB/2T23, Confiança Empresarial); Portugal (Confiança Empresarial e do Consumidor/Jul)

América Latina: Brasil (IGP-M/Jul, Balanço Orçamentário/Jun, Dívida Bruta/Jun, Taxa de Desemprego); México (Balanço Fiscal)

Banco centrais: Decisão de Política Monetária do Banco do Japão (BoJ)

Balanços: Exxon Mobil, Procter&Gamble, Chevron, AstraZeneca, Colgate-Palmolive, BASF, Standard Chartered, Toyota Motors

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Periodista especializada en economía y finanzas ha trabajado en algunas de las principales publicaciones de Brasil, como Valor, Agencia Estado y Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.