BCE segue Fed e eleva juros, mas mantém opções em aberto para setembro

Nono aumento consecutivo desde julho passado levou taxa para 3,75%; banco pode aumentar novamente ou manter juros, dependendo da inflação

BCE aumentou juros nesta quinta-feira (27)
Por Jana Randow, Alexander Weber e Sonja Wind
27 de Julho, 2023 | 09:58 AM

Bloomberg — O Banco Central Europeu (BCE) elevou as taxas de juros em mais 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira (27) e deixou opções em aberto para a próxima reunião, à medida que sua campanha de aperto monetário se aproxima do fim.

Um nono aumento consecutivo desde julho passado levou a taxa de depósito para 3,75% nesta quinta, conforme esperado pelos economistas. A falta de guidance para a decisão de setembro significa que o BCE pode aumentar novamente os juros ou manter, dependendo da força de sua convicção de que a inflação está voltando para a meta de 2%.

“As decisões futuras do Conselho garantirão que as taxas de juros-chave do BCE sejam estabelecidas em níveis suficientemente restritivos pelo tempo necessário para alcançar um retorno da inflação à meta de 2%”, disse o BCE em comunicado.

“O Conselho continuará a seguir uma abordagem baseada em dados para determinar o nível e a duração apropriados da restrição.” O Conselho também decidiu fixar a remuneração das reservas mínimas em 0%.

PUBLICIDADE

Assim como nos Estados Unidos, onde o Federal Reserve elevou as taxas na quarta-feira (26), analistas e investidores consideram que o BCE está agora no auge ou a um passo de encerrar o ciclo de altas.

No entanto, os funcionários em Frankfurt devem ser cautelosos, pois o aperto monetário até o momento está sendo cada vez mais sentido. O crescimento da economia da zona do euro é precário, enquanto a demanda por empréstimos bancários despencou.

Mudança nos custos de empréstimos desde o início de 2023 para diferentes bancos centrais
dfd

A presidente Christine Lagarde detalhará a decisão do BCE em uma coletiva de imprensa em Frankfurt. Embora normalmente leve de 12 a 18 meses para que mudanças na política monetária tenham efeito completo, as evidências indicam que o impacto do ano de aumento das taxas pelo BCE está começando a afetar empresas e famílias.

PUBLICIDADE

Junto à maior queda já registrada na demanda por crédito corporativo na zona do euro, a principal economia da região, a Alemanha, está lutando para sair de uma recessão. Enquanto isso, o setor de serviços do continente começa a enfraquecer, após uma desaceleração na indústria manufatureira.

A esperança é que uma expansão econômica mais lenta reduza suficientemente a inflação — um chamado “pouso suave”. Mas as pressões de preços permanecem. A inflação subjacente, uma métrica observada de perto que exclui energia e alimentos, acelerou no mês passado, igualando a leitura geral de 5,5%.

Reunião de setembro

Na semana passada, a maioria dos formuladores de política monetária do BCE ofereceu pouca previsão sobre o rumo das taxas além de julho — reiterando apenas que qualquer pico alcançado será mantido por um período prolongado.

Mesmo autoridades tradicionalmente mais rigorosas, incluindo o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, e o diretor holandês, Klaas Knot, dizem que setembro permanece em aberto e dependerá dos dados.

Eles podem observar experiências em estágios tardios em outros lugares. O Banco Central da Austrália é amplamente esperado para elevar as taxas novamente em agosto após duas pausas, enquanto o Banco da Inglaterra respondeu à persistente inflação com uma medida de meio ponto em junho, após ter reduzido seu ritmo anteriormente.

No Chile, o banco central pode cortar as taxas para reduzir os riscos de recessão.

Uma coisa que setembro definitivamente trará para os funcionários do BCE é um novo conjunto de projeções econômicas trimestrais, que atualmente mostram a inflação ainda excedendo 2% até o final de 2025.

PUBLICIDADE

Mais próximo da reunião, Lagarde também pode estar em melhor posição para oferecer pistas sobre o pensamento do BCE, já que ela fará um discurso no retiro anual do Fed em Jackson Hole, em agosto.

-- Com a colaboração de Christoph Rauwald, William Horobin, Bastian Benrath, Laura Malsch, Alexey Anishchuk, Kamil Kowalcze, Alice Gledhill, James Regan, Phil Serafino, Bryce Baschuk, Joel Rinneby, Sofia Gerace, Kevin Whitelaw, Barbara Sladkowska e Harumi Ichikura

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

PUBLICIDADE

Fed sobe juros em 0,25 ponto e deixa ‘porta aberta’ para novo aumento

De Uberaba à Faria Lima: os planos da WNT, nova acionista de Light, Westwing e TC

Santander Brasil mira engajar cliente de alta renda em parceria com Live Nation