Ibovespa fecha perto da estabilidade com avanço da Petrobras e recuo da Vale

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) ficou de lado nesta quinta-feira (25) e encerrou as negociações com leve queda de 0,08%, aos 124.646 pontos. O dólar (USDBRL), por sua vez, também ficou estável, com queda de 0,02%, e era negociado a R$ 5,16 no fechamento.

O desempenho foi influenciado principalmente pela queda das ações da Vale (VALE3) e o avanço da Petrobras (PETR3; PETR4).

No caso da mineradora, investidores reagiram à divulgação do balanço do primeiro trimestre. A Vale reportou um resultado líquido de US$ 1,68 bilhão nos primeiros três meses do ano, uma queda de 10% ante o registrado em igual período de 2023, devido principalmente a preços menores de finos de minério de ferro.

Os papéis também foram afetados pela oferta da australiana BHP, maior mineradora do mundo, para uma fusão com a britânica Anglo American, em um negócio que avaliaria a Anglo em cerca de US$ 38,9 bilhões e criaria o maior grupo de mineração global.

O CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, disse que a companhia não vai mudar sua estratégia mesmo em um eventual cenário de fusão. “Acreditamos que a Vale tem uma posição única na indústria, não mudamos nosso foco e estratégia”, disse o executivo a investidores nesta quinta.

Além da Vale, Itaú Unibanco (ITUB4) e Localiza (RENT3) também recuaram e ficaram entre as principais contribuições negativas.

Leia também: ‘Vale tem posição única no mercado’, diz CEO sobre eventual fusão entre BHP e Anglo

Por outro lado, o avanço dos papéis da Petrobras ajudou a reduzir as perdas. Acionistas da empresa aprovaram nesta quinta a proposta, já referendada pelo conselho, de distribuir 50% dos dividendos extraordinários em 2024, em um valor estimado em R$ 22 bilhões.

O movimento resolve uma disputa que agitou os mercados e intensificou uma briga de poder entre o CEO Jean Paul Prates e membros do governo Lula. Como o maior acionista da empresa, com 50,3% das ações com direito a voto, o governo brasileiro será o maior beneficiário individual do pagamento.

Outro destaque positivo foi grupo de educação Cogna (CGN3), que avançou 7,5% depois de analistas do JP Morgan elevarem a recomendação de compra dos papéis de neutro para overweight (equivalente a compra). O desempenho positivo impulsionou também a concorrente Yduqs (YDUQ3), que subiu e ficou entre as maiores altas do dia, junto de Petz (PETZ3), Embraer (EMBR3) e Rede D’Or (RDOR3).

Com o resultado, o Ibovespa evitou em boa parte a cautela no mercado internacional. Os índices de Nova York caíram, influenciados por dúvidas em relação aos balanços de empresas de tecnologia e também por dados econômicos dos Estados Unidos.

A leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre sugere uma forte desaceleração da economia americana, enquanto os Estados Unidos enfrentam pressões inflacionárias persistentes -- exatamente o que os investidores não queriam ouvir.

O PIB aumentou a uma taxa anualizada de 1,6%, ficando aquém de todas as previsões. Uma medida amplamente observada de inflação subjacente avançou a uma taxa de 3,7%, maior do que o esperado.

Os rendimentos dos Treasuries subiram, atingindo novas máximas de 2024.

“Este relatório foi o pior dos dois mundos: o crescimento econômico está desacelerando e as pressões inflacionárias persistem”, disse Chris Zaccarelli. da Independent Advisor Alliance. “O Fed quer ver a inflação começar a cair de maneira persistente, mas o mercado quer ver o crescimento econômico e os lucros corporativos aumentando.”

Os últimos dados econômicos devem endurecer um pouco o tom do Fed na próxima semana, disse Krishna Guha, da Evercore. “O Fed ainda entra em um padrão de espera circulando o aeroporto até obter uma leitura melhor sobre a dinâmica da inflação futura”, disse ele.

- Com informações da Bloomberg News.