Ibovespa fecha em alta em linha com NY depois de payroll abaixo do esperado; dólar cai

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Bloomberg Línea — Os investidores reagiram de forma positiva nesta sexta-feira (3) à divulgação de dados de criação de emprego nos EUA em abril, que vieram mais fracos do que o esperado. O resultado voltou a reforçar a visão de que o Federal Reserve pode realizar cortes de juros este ano, caso a atividade econômica mostre mais sinais de desaquecimento.

Com isso, o Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 1,09%, aos 128.509 pontos, acompanhando o desempenho positivo dos índices de Nova York e encerrando a semana com ganho acumulado de 1,57%. O dólar (USDBRL) caía 0,76% e era negociado a R$ 5,07 no fechamento.

Em abril, foram criadas 175 mil vagas na economia americana, enquanto a taxa de desemprego ficou em 3,9%, segundo dados do relatório de folha de pagamento (payroll) divulgados nesta sexta pelo departamento de estatísticas dos EUA.

O resultado veio abaixo da mediana das previsões de economistas consultados pela Bloomberg, que previam a criação de 240 mil postos de trabalho. Foi o resultado mais baixo em seis meses.

Os dados reforçaram o argumento de que a economia está desacelerando gradualmente, de forma que permitiria que o Fed começasse a reduzir os juros setembro.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dois anos, que são mais sensíveis às movimentações do Fed, caíram sete pontos-base, para 4,81%. Os negociadores agora projetam cerca de 50 pontos-base de redução da taxa de juros este ano — o que equivaleria a dois cortes de 0,25 ponto.

O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse à Bloomberg Television que leituras adicionais de empregos como o desta sexta-feira lhe dariam confiança para avaliar que a economia não está superaquecendo.

Falando separadamente, a diretora do Fed, Michelle Bowman, disse que a inflação provavelmente permanecerá elevada por “algum tempo”, mas acrescentou que ainda espera que os preços esfriem com as taxas de juros mantidas nos níveis atuais.

Outro indicador divulgado nesta sexta-feira mostrou que o setor de serviços dos EUA contraiu em abril pela primeira vez desde 2022, enquanto um indicador de atividade empresarial despencou para uma mínima de quatro anos e um indicador de custos de insumos subiu.

No Brasil, a alta do Ibovespa foi puxada principalmente pelos papéis da B3 (B3SA3), do Itaú Unibanco (ITUB4) e da Vale (VALE3), que ficaram entre as maiores contribuições positivas.

Empresas ligadas aos setores de viagens, consumo, educação e construção, mais sensíveis aos juros, lideraram as altas, com destaque para Azul (AZUL4), Magazine Luiza (MGLU3), Yduqs (YDUQ3), Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) e Eztec (EZTC3).

Os ganhos foram limitados pelas quedas da Petrobras (PETR3; PETR4) e do Bradesco (BBDC4), as principais contribuições negativas. Prio (PRIO3) e PetroReconcavo (RECV3) também recuaram, ficando entre as maiores baixas.

Mais cedo, dados do IBGE mostraram que a produção industrial no Brasil avançou 0,9% em março depois de uma variação de 0,1% em fevereiro. Em relação a março de 2023, o resultado foi uma queda de 2,8%, de acordo com os resultados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM). Economistas consultados pela Bloomberg esperavam avanço de 1,3% no mês e recuo de 2,4% na comparação anual. Entre as 25 atividades industriais, apenas 5 registraram expansão em relação ao mês anterior.

Segundo Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o resultado indica que o setor deve contribuir pouco para o crescimento do PIB deste ano.

“Apesar de a indústria acumular um crescimento de 1,9% no ano até aqui, reforçando a leitura de que a atividade está mais forte do que se esperava para este começo de ano, o cenário para os próximos meses não é tão otimista. Acreditamos que a indústria terá mais um ano de estagnação em 2024. Na nossa visão, o setor deve contribuir com apenas 0,1 ponto percentual do crescimento de 2,2% que projetamos para o PIB deste ano”, afirmou em comentário a clientes.

- Com informações da Bloomberg News.