Fundos buscam novo crédito privado com aposta em emergentes

O Brasil e a Turquia estão entre os mercados que registram fortes fluxos de negócios privados, enquanto as altas taxas de juros locais levam as empresas a buscar alternativas

Fundos buscam novo crédito privado com aposta em emergentes
Por Selcuk Gokoluk
15 de Outubro, 2025 | 12:29 PM

Bloomberg — Os gestores de ativos buscam captar novos fundos de crédito privado voltados para mercados emergentes para aproveitar uma explosão de acordos de financiamento no setor neste ano.

A Ninety One disse que trabalha para fechar um fundo de US$ 500 milhões no primeiro trimestre de 2026, seguido por outro até o final do ano.

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A Gramercy já captou US$ 760 milhões e tenta atingir US$ 1,5 bilhão para um novo fundo, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

Os esforços ganham força à medida que o financiamento em mercados emergentes de credores privados como a Blackstone e a Apollo caminha para o maior volume do ano já registrado.

Investidores em potencial são atraídos pela perspectiva de diversificação e retornos de dois dígitos, enquanto os ativos de emergentes se valorizam neste ano após uma década de baixo desempenho.

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“Definitivamente estamos levantando mais capital, seja em fundos existentes, como dívida de transição para mercados emergentes, ou em novas estratégias que estamos em processo de desenvolver”, disse Nazmeera Moola, diretora comercial de mercados privados da Ninety One, que administra cerca de US$ 8 bilhões em crédito privado globalmente. “É um mercado pouco atendido”, afirmou.

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Os mercados emergentes representam menos de 10% do total dos investimentos em crédito privado, em uma indústria que agora vale cerca de US$ 1,7 trilhão globalmente.

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As alocações dos investidores têm sido underweight até agora, já que muitos credores têm evitado o mundo em desenvolvimento devido a preocupações com sua capacidade de cumprir contratos, riscos cambiais e instabilidade política.

A divisão do setor privado do Grupo Banco Mundial, a Corporação Financeira Internacional está tentando mudar isso ao atrair capital privado para mercados emergentes.

A instituição lançou um acordo de US$ 510 milhões de obrigação de empréstimo colateralizado, chamado de CLO, no mês passado — um veículo de investimento que divide empréstimos em fatias e os transforma em títulos de dívida e ações — com o objetivo de criar uma nova classe de ativos que atenda aos padrões institucionais.

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Trabalho missionário

A confiança dos investidores é impulsionada por um aumento nos mercados públicos de emergentes, onde ações subiram quase 27% neste ano e títulos em moeda forte retornaram quase 9%, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Acreditamos que os mercados emergentes são muito atrativos hoje em dia, em comparação com o tipo de risco que você precisaria correr nos mercados desenvolvidos para obter os mesmos retornos”, disse Gustavo Ferraro, que comanda a estratégia de crédito privado da Gramercy.

“Porque o que oferecemos, fazemos com menor alavancagem, menor duração e menos alavancagem estrutural, no nível do fundo”, disse.

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O Brasil e a Turquia estão entre os mercados que registram fortes fluxos de negócios privados, já que as altas taxas de juros locais levam as empresas a buscar alternativas.

Até agora, este ano já registrou os maiores negócios de crédito privado na Índia, no Sudeste Asiático e no Leste Europeu, enquanto o forte crescimento econômico do Oriente Médio o torna um outro alvo.

“O que vimos é que, até um ano atrás, era um trabalho missionário, era preciso convencer muito, enquanto houve um interesse crescente ao longo do último ano”, disse Moola, da Ninety One.

“Acho que a atratividade da diversificação e do ganho de rendimento definitivamente contribuiu para isso.”

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