Bloomberg Línea — A América Latina se tornou a região emergente com melhor desempenho no acumulado de 2025, com uma alta de 22% em comparação aos 10% do índice MSCI de mercados emergentes, impulsionada pela valorização das moedas locais e pelos sólidos resultados corporativos no primeiro trimestre.
Apesar disso, o JPMorgan antecipa um segundo semestre de consolidação, diante da redução nos fluxos de capital e de um crescimento mais moderado nos lucros.
Os analistas do banco, entre eles Emy Shayo Cherman, destacaram que, embora o desempenho da região esteja até melhor que o dos mercados desenvolvidos, a expectativa é de que, em termos de bolsa, “o melhor de 2025 já passou”.
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A casa mantém recomendação de overweight (equivalente à compra) Brasil e Argentina, neutra para México e Chile e underweight (equivalente à venda) Colômbia e Peru.
A cesta de ações preferidas na região é composta por 20 papéis, com apostas em consumo, setor financeiro, real estate e utilities, além de seleções específicas em commodities e transporte.
O JPMorgan vê “pouco espaço para revisões positivas, já que é esperada uma desaceleração no crescimento em todos os países”.
Onde investir no Brasil e no México?
No caso do Brasil, o JPMorgan projeta um ambiente macroeconômico favorável no segundo semestre, apoiado por uma inflação mais baixa, início do ciclo de cortes de juros e a proximidade das eleições presidenciais de 2026.
Os analistas, no relatório, afirmam que “atualmente, o Brasil é uma história de momentum e fluxos. E, nesse cenário, as large caps tendem a se destacar”.
Entre as principais apostas no país está a Embraer, destacando que “novos pedidos, entregas e expansão de margens continuarão sendo os principais catalisadores, junto com o fluxo de caixa livre e a alocação de capital”.
Para o Nubank, o banco projeta um crescimento de lucro de 24% em 2025 e 36% em 2026, ressaltando que “a política monetária e os desdobramentos políticos continuam sendo os principais vetores para o segundo semestre de 2025”.
A Suzano, embora não apareça como um dos setores preferidos pelo banco, permanece na cesta de top picks ao lado de Vale e São Martinho.
Segundo o relatório, “essas empresas são influenciadas pelos preços internacionais, e o petróleo pode oferecer um impulso positivo no segundo semestre”.
No México, o JPMorgan mantém uma visão neutra e projeta um crescimento econômico de -0,5% em 2025, com potencial limitado de valorização da moeda.
A ação preferida que aparece é a Coca-Cola FEMSA, devido ao “resiliente poder de precificação em suas operações principais no México, com volumes que devem acelerar no segundo semestre após um primeiro semestre fraco”.
Países andinos: preferência por Chile
No Chile, o JPMorgan reduziu sua recomendação para neutra, considerando que grande parte das boas notícias já está precificada.
O banco mantém a Falabella como ação preferida no varejo, pelo potencial de recuperação de margens e ganhos operacionais, além da expectativa de um ambiente macroeconômico mais estável na segunda metade do ano.
Enel Chile também aparece entre os top picks no setor de utilities, pela forte geração de caixa e dividendos atrativos, e a SQM, apesar da volatilidade dos preços do lítio, por seu liderança global e demanda crescente por carros elétricos.
Colômbia: recomendação continua negativa
Na Colômbia, a estratégia permanece de compra devido ao deterioro fiscal e político e à falta de catalisadores claros para o segundo semestre.
Segundo o relatório, “a Colômbia é o mercado onde nossa revisão de preço-alvo foi a mais elevada (acima de 15%), já que teve desempenho acima do esperado inicialmente. No entanto, não vemos mais espaço de valorização”.
Embora o JPMorgan não inclua ações colombianas em seu portfólio recomendado, destaca que optaria pela Cementos Argos como forma de exposição ao país.
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O documento ressalta os “novos anúncios e medidas corporativas voltadas para a geração de valor aos acionistas” e a intenção da empresa de reinvestir nos EUA como um possível catalisador adicional.
Peru: riscos políticos e baixa atividade mineradora
Para o Peru, o JPMorgan observa riscos políticos e baixa atividade mineradora no curto prazo.
O banco mantém recomendação de compra para a Credicorp, destacando-a como ação preferida no país, por sua posição em um sistema bancário com baixa penetração, alta concentração e retornos estruturalmente elevados sobre o patrimônio.
O relatório também ressalta os investimentos da empresa em iniciativas digitais, especialmente o Yape, que estão próximas do ponto de equilíbrio e devem contribuir com cerca de 150 pontos-base adicionais ao ROE.
Argentina: bancos e energia no radar
O JPMorgan mantém a recomendação de compra na Argentina após a eliminação bem-sucedida dos controles de capital e uma inflação no menor nível desde a pandemia.
Segundo o relatório, “a política mais arriscada de 2025 já ficou para trás, o que abre caminho para uma visão positiva sobre a Argentina. Em particular, a remoção dos controles cambiais ocorreu sem uma desvalorização abrupta do peso nem nova pressão inflacionária”.
A ação recomendada no país é o Banco Galicia, destacando sua capacidade de capturar a normalização macroeconômica e a retomada da demanda por crédito. Ainda assim, os analistas também apostam em nomes do setor de energia, como Vista e YPF.
Top picks do JPMorgan para o 2º semestre de 2025
O JPMorgan definiu uma cesta mais diversificada regionalmente de 20 ações consideradas ‘favoritas’ para o segundo semestre. A seleção foi baseada em fatores macroeconômicos como juros, ambiente político, tendências regulatórias e comportamento do consumidor.
Top picks da América Latina:
- GCC (GCC)* – México
- Copa (CPA) – Panamá
- Embraer (ERJ) – Brasil
- Fibra Prologis (FIBRAPL) – México
- Hypera (HYPE3) – Brasil
- Coca-Cola FEMSA (KOF) – México
- Mallplaza (MALLPLAZ) – Chile
- Marcopolo (POMO4) – Brasil
- Millicom (TIGO) – Regional / Luxemburgo com operações na América Latina
- Multiplan (MULT3) – Brasil
- Nubank (NU) – Brasil
- PRIO (PRIO3) – Brasil
- RaiaDrogasil (RADL3) – Brasil
- Sabesp (SBSP3) – Brasil
- São Martinho (SMTO3) – Brasil
- Stone (STNE) – Brasil
- Suzano (SUZB3) – Brasil
- Tenda (TEND3) – Brasil
- Vale (VALE) – Brasil
- Yduqs (YDUQ3) – Brasil