Ações globais caem com investidores atentos às tarifas e aos balanços corporativos

Cautela prevalece nos mercados com temores sobre tarifas e expectativa por balanços de gigantes como Coca-Cola, GE e Netflix, que divulgarão os resultados nesta terça-feira (21)

NO RADAR DOS MERCADOS
21 de Outubro, 2025 | 06:42 AM

Bloomberg — As ações globais operam em queda nesta terça-feira (21), à medida que os investidores voltam a avaliar as tensões comerciais e o impacto dos próximos dados de inflação dos EUA. O dólar avança frente às principais moedas.

O índice Stoxx Europe 600 teve pouca variação, permanecendo próximo a um recorde histórico. Os futuros do S&P 500 e do Nasdaq 100 apagaram os ganhos iniciais, indicando que o rali de mais de 1% em Wall Street na segunda-feira tende a perder fôlego.

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As ações japonesas oscilaram e o iene caiu 0,5% após Sanae Takaichi vencer a votação parlamentar para se tornar primeira-ministra, abrindo caminho para mais gastos fiscais.

O S&P 500 registrou seu maior ganho em dois dias desde junho, com a temporada de balanços do terceiro trimestre em pleno andamento — cerca de 85% das empresas americanas superaram as estimativas de lucro até agora. Netflix, General Electric, Coca-Cola e General Motors estão entre as companhias que divulgarão resultados nesta terça-feira.

Enquanto o impasse do governo dos EUA e as tensões comerciais continuam alimentando a volatilidade, as quedas têm sido breves, já que investidores as veem como oportunidades para aumentar risco em seus portfólios. As bolsas globais voltaram a renovar máximas desde a queda de abril, impulsionadas por apostas de que os bilhões investidos em inteligência artificial gerarão lucros no futuro.

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“Mais um dia e ainda sem dados dos EUA, com o fechamento do governo continuando sem fim à vista”, disse Michael Brown, estrategista sênior do Pepperstone Group. “Na minha visão, o caminho de menor resistência segue sendo de alta, e as correções continuam sendo oportunidades de compra.”

O foco do mercado está no progresso das negociações comerciais entre EUA e China. O presidente Donald Trump reiterou a ameaça de elevar tarifas sobre produtos chineses “se não houver acordo” até 1º de novembro, mas disse que planeja se reunir com o presidente Xi Jinping na próxima semana.

Os investidores também aguardam os atrasados dados de inflação dos EUA, previstos para sexta-feira, em busca de sinais sobre a saúde da economia e o rumo dos juros do Federal Reserve. O Reino Unido divulgará seus números de inflação na quarta-feira.

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“Embora os balanços continuem em foco, especialmente as atualizações sobre demanda, exposição internacional após tarifas e impacto na lucratividade e nos investimentos, os principais eventos desta semana serão os dados de inflação no Reino Unido e nos EUA”, disse Susana Cruz, estrategista da Panmure Liberum.

“Ambos ainda estão em níveis elevados e devem subir mais. Qualquer surpresa para cima pode facilmente interromper o rali.”

Entre os destaques na Europa, a Eurofins Scientific caiu 9% após os resultados do terceiro trimestre. A Edenred chegou a saltar 15%, a maior alta já registrada, após reportar crescimento de receita acima do esperado.

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A Assa Abloy avançou até 3,4% após o grupo sueco de sistemas de travas e portas divulgar resultados considerados sólidos.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de segunda-feira (20 de outubro):

- Crise na Ambipar. A companhia entrou com pedido de recuperação judicial no Brasil e nos EUA após semanas de crise de governança e inadimplência. A empresa, que tinha dívidas de mais de R$ 11 bilhões, viu seus títulos despencarem de 90 para 13 centavos de dólar. O caso ficou marcado por investigações da CVM.

- Lula se prepara para 2026. O presidente nomeou o deputado Guilherme Boulos para chefiar a Secretaria-Geral da Presidência. A escolha ocorre em meio ao distanciamento de partidos do centro e à preparação para a eleição de 2026, e sinaliza uma aposta de Lula em sua base, apesar das preocupações do mercado com o impacto fiscal.

- Eleição no Japão. Sanae Takaichi tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão, após vencer votação no Parlamento. Ela enfrenta desafios como inflação persistente, tensões regionais e instabilidade política interna. Takaichi promete unir o Partido Liberal Democrata e impulsionar a economia.

Ações globais 21/10/25
🔘 As bolsas ontem (20/10): Dow Jones Industrials (+1,12%), S&P 500 (+1,07%), Nasdaq Composite (+1,37%), Stoxx 600 (+1,03%), Ibovespa (+0,77%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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