Ela vendeu a Simple Organic à Hypera. A marca cresceu 16 vezes. E vai passar o comando

Fundadora Patricia Lima disse à Bloomberg Línea que o plano de acelerar o ganho de escala desde a venda de 71,5% à gigante farmacêutica foi executado sem que a marca perdesse o DNA no segmento de clean beauty. E conta os próximos passos

Loja física da Simple Organic
19 de Novembro, 2025 | 04:53 PM

Bloomberg Línea — Do TikTok às farmácias, a tendência do clean beauty tem ganhado força no país, com cosméticos de embalagens minimalistas e fórmulas consideradas “limpas”, mais naturais e desenvolvidas para serem menos danosas ao meio ambiente.

Uma das marcas que se tornou “queridinha” desse movimento é a catarinense Simple Organic, que nasceu por meio da empreendedora Patrícia Lima e que passou por mudança importante na sua composição acionária e na operação nos últimos dias.

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A Hypera, gigante farmacêutica nacional, exerceu nesta semana a preferência na opção para adquirir os 28,5% restantes da marca que não possuía — a empresa já havia comprado 71,5% em 2021.

A transação representa uma consolidação de um ciclo em que a empresa ganhou escala sem perder o DNA sustentável, segundo a executiva.

“A Simple cresceu 16 vezes desde a aquisição. Foi tudo muito consciente e estruturado”, afirmou a fundadora da marca, Patricia Lima, em entrevista à Bloomberg Línea.

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A escolha pela venda à Hypera ocorreu após análise de 16 propostas de compra recebidas ao longo dos anos.

Com a saída de Patricia do cargo de CEO e da operação, a Simple Organic passa a ser gerida totalmente pela Hypera, controlada pelo empresário Joao Alves de Queiroz Filho.

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A executiva disse que os núcleos responsáveis pelo produto e pelo desenvolvimento permanecem formados por profissionais que cresceram dentro da própria marca.

“As lideranças que seguem são pessoas que estão comigo há quase dez anos. O DNA está preservado”, disse.

A aquisição da Simple Organic pela Hypera consolida um movimento importante da farmacêutica no mercado de clean beauty — hoje ancorado em marcas como Mantecorp e Bioage, que lideram essa frente dentro do portfólio.

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A negociação final ocorreu entre abril e maio deste ano, com um processo de preparação de portfólio e passagem de bastão que a executiva descreveu como “sem traumas” e alinhado às expectativas de ambas as partes.

Produtos Simple Organic

Hoje, cerca de 70% das vendas da Simple continuam a acontecer pelo canal digital, em que a marca nasceu e se estabeleceu, sobretudo após a pandemia de covid, contou a executiva.

Desde a entrada da Hypera nos negócios, por outro lado, a marca tem crescido no canal de farmácias - que também se tornou relevante.

Segundo Lima, o crescimento da Simple não veio apenas da tendência de clean beauty mas de um modelo baseado em comunidade, transparência e rigor na política de embalagens e logística reversa, atributos que ajudaram a consolidar a marca como referência em impacto positivo.

Em comunicado enviado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a Hypera informou que faturou R$ 9,3 bilhões em 2024, e a Simple, R$ 90 milhões.

No acumulado do ano, as ações da Hypera (HYPE3) subiram cerca de 45%.

Procurada, a Hypera não se posicionou sobre a operação.

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Novos projetos

Um dia após concretizar a venda da participação remanescente da Simple Organic para a Hypera, Lima já vislumbrava três frentes de projetos com início programado para 2026.

O primeiro é a criação de um hub de marcas de beleza brasileiras no exterior.

Segundo a executiva, o plano é estruturar a entrada desse hub inicialmente nos Estados Unidos e, depois, na Europa, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2026.

“A beleza brasileira tem força, mas não está estruturada lá fora”, disse. “É hora de romper essa fronteira.”

Fundadora da Simple Organic

O segundo projeto no foco da fundadora da Simple Organic é estruturar um fundo de investimento com foco em negócios de impacto. A motivação, disse, nasceu da baixa participação feminina como destino de capital.

“Menos de 3% dos financiamentos vão para projetos fundados por mulheres. Em clima, esse número cai para menos de 1%”, disse.

Nesta frente, a executiva avalia tanto se tornar sócia de um fundo já existente quanto criar uma tese própria, mais alinhada ao olhar de empreendedora que acumulou na última década.

A executiva também disse que lançará uma marca com atuação em bebidas e alimentação, da qual será cofundadora. O lançamento está previsto para perto do Carnaval de 2026.

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