Bloomberg — O mercado aumenta as apostas em cortes da Selic no início de 2026 em meio à queda da inflação implícita, para o menor nível desde maio de 2024, e à melhora das expectativas inflacionárias.
Analistas consideram ainda que o emprego e o câmbio também serão importantes para a decisão do Banco Central.
O alívio nas expectativas inflacionárias decorre da queda do dólar e das commodities. No ano, o dólar caiu 13% e o petróleo Brent cede mais de 24% em real e de 13% em dólar.
Os investidores no mercado de juros futuros abriram a semana com uma precificação de corte de quase 13 pontos da Selic em janeiro, o que indica chance levemente majoritária de redução de 0,25 ponto percentual.
Uma semana atrás, a precificação era de 11 pontos, apontando probabilidade maior de o alívio monetário começar apenas em março.
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A inflação implícita, que é baseada na diferença entre a taxa de juros nominal (de títulos prefixados) e a taxa de juros real (de títulos atrelados à inflação), chegou a recuar ao patamar de 4,37%, considerando a taxa de dois anos.
Ao mesmo tempo, as projeções de inflação da pesquisa Focus do BC caíram em todos os anos até 2028. A estimativa para este ano recuou nas últimas cinco semanas consecutivas e já está perto do teto da meta, de 4,5%. O ponto central da meta é de 3%.

A queda da inflação implícita poderá ajudar no corte de juros no Brasil, assim como a redução da taxa do Federal Reserve, que traz alívio ao câmbio, segundo Greg Lesko, gestor da Deltec Asset Management.
O mercado já havia elevado apostas em redução da Selic na última sexta-feira com o IPCA-15 de outubro, que ficou abaixo das projeções.
Segundo Milena Landgraf, sócia e diretora de investimentos macro da Jubarte Capital, os dois fatores principais para uma possível antecipação do corte de juros são a surpresa positiva na inflação corrente e a queda na expectativa da Focus.
“Para consolidar essa aposta em janeiro vai ser bem importante continuar vendo arrefecimento nos indicadores de mercado de trabalho essa semana”, disse Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki Capital.
Um mercado de trabalho ainda aquecido é apontado nas comunicações recentes do Banco Central como um fator que justifica a manutenção dos juros em patamar contracionista.
Esta semana, será conhecida a taxa de desemprego de setembro, com o mercado prevendo que o índice fique em 5,5%, próximo do nível de agosto, segundo o consenso Bloomberg.
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