CEO da Petrobras é pressionado a reduzir preços e investir mais, dizem fontes

Jean Paul Prates está sob pressão para ajustar a estratégia aos planos de Lula de estimular a economia e reduzir a inflação, segundo pessoas ouvidas pela Bloomberg News

Tanques da Petrobras: pressão sobre a direção da empresa para se alinhar aos interesses de Lula, segundo fontes
Por Vanessa Dezem - Daniel Carvalho - Martha Beck
20 de Novembro, 2023 | 06:05 PM

Bloomberg — A Petrobras (PETR3; PETR4) está sob crescente pressão para ajustar sua estratégia de precificação e investimento à medida que a insatisfação com a gestão do CEO Jean Paul Prates aumenta dentro do governo do presidente Luiz Inacio Lula da Silva, segundo pessoas familiarizadas com a situação ouvidas pela Bloomberg News.

Lula e alguns membros do governo têm pressionado Prates e a gigante do petróleo para alinhar-se mais de perto aos esforços do governo no combate à inflação e impulsionar a economia do Brasil, de acordo com as pessoas, que pediram anonimato para discutir assuntos internos.

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A Reuters informou na segunda-feira (20) que o governo começou a discutir a substituição de Prates.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pediu publicamente na semana passada que a Petrobras reduza os valores dos combustíveis em resposta à queda nos preços do petróleo, enquanto Lula instou a empresa a concentrar seu próximo plano de negócios de cinco anos mais fortemente na criação de empregos domésticos.

A crescente disputa destaca os desafios que Prates enfrenta ao buscar equilibrar os interesses da empresa com os de um governo que enfrenta crescentes desafios econômicos.

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Os preços dos combustíveis desempenham um papel importante na taxa de inflação do Brasil, que está sob escrutínio enquanto o Banco Central avalia o ritmo dos futuros cortes de juros como parte de seu contínuo ciclo de flexibilização monetária.

Jean Paul Prates, CEO da Petrobras

Prates rejeitou no sábado (18) os apelos de Silveira para reduzir os preços, afirmando que a Petrobras fará ajustes apenas quando as diretrizes técnicas sugerirem a necessidade deles.

A empresa revelou mais cedo neste ano uma nova política de preços que combina fatores domésticos e estrangeiros, abandonando um mandato anterior de seguir o custo dos suprimentos de combustíveis importados.

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“Não queremos que a incerteza criada por fatores geopolíticos entre nas casas dos consumidores”, disse Prates em uma postagem nas redes sociais.

Os preços globais do petróleo caíram para cerca de US$ 80 o barril nas últimas semanas, à medida que os suprimentos superaram as expectativas. Um porta-voz de Silveira disse nesta segunda-feira (20) que ele continuará exigindo preços mais baixos de acordo com o cenário internacional, que ele vê como uma parte fundamental de seu papel como principal autoridade em política energética do país.

Contratação de empresas nacionais

A Petrobras já apresentou um esboço de seu plano de investimento de 2024 a 2028 ao governo, informou a Reuters na sexta-feira (17), citando fontes não identificadas.

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Em resposta, Lula pediu a Prates que concentrasse a contratação de empresas brasileiras em detrimento de fornecedores estrangeiros e reclamou sobre uma alegada falta de investimento da empresa na indústria naval do Brasil, de acordo com o relato.

A Petrobras se recusou a comentar. A empresa deve divulgar seu plano de investimentos nas próximas semanas, segundo um porta-voz. As ações subiram até 1,4% em São Paulo na segunda-feira (20).

O conselho da empresa, controlado pelo governo, propôs um plano de investimentos de US$ 100 bilhões, acima do anterior de US$ 78 bilhões, informou o jornal O Estado de S. Paulo, sem informar como obteve a suposta informação. A empresa afirmou que aumentará os investimentos em projetos de baixo carbono e energias renováveis para até 15% do total.

“Não posso repetir o suficiente: a Petrobras não cria seus preços de mercado, mas tem uma política comercial que segue parâmetros técnicos, logísticos e operacionais”, escreveu Prates em sua postagem nas redes sociais.

A atual política comercial da empresa se concentra em proteger os preços domésticos da volatilidade internacional, acrescentou ele.

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