Americanas desaba 38% na bolsa em meio à disputa na Justiça com o BTG

Banco de investimento entrou no fim de semana com petição para tentar anular proteção contra credores obtida pela empresa na sexta-feira

Papéis estavam constantemente em leilão nesta segunda (16)
16 de Janeiro, 2023 | 11:48 AM

Bloomberg Línea — As ações da Americanas (AMER3) teve mais uma sessão de forte queda nesta segunda-feira (16), em novo dia de leilões constantes para a companhia na bolsa brasileira.

Os papéis afundaram 38,41% e encerram o dia a R$ 1,94. Ao longo do pregão, a ação chegou a cair mais de 40% e atingiu a mínima de R$ 1,80. Os papéis acumulam queda de mais de 83% desde que a companhia informou no dia 11 de janeiro ter identificado inconsistências contábeis de uma dívida de R$ 20 bilhões.

Nesta segunda-feira, a Americanas informou em fato relevante ter contratado o grupo financeiro britânico Rothschild & Co. para representar a empresa na negociação com credores no país e no exterior.

Até este momento, a negociação da Americanas com credores vinha sendo conduzida apenas pelo ex-CEO da empresa Sergio Rial, em nome dos principais acionistas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Não foi informado se haverá alguma alteração no papel de Rial nas conversas.

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Disputa com credores

No fim de semana, o BTG Pactual (BPAC11) entrou com um agravo de instrumento na segunda instância do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em que pediu o efeito suspensivo da liminar obtida na sexta-feira (13) pela empresa varejista, em que esta recebeu aval para se proteger de bloqueio, sequestro ou penhora de valores pelo prazo de 30 dias.

A decisão sobre o pedido deve ser tomada nesta segunda-feira.

O banco de investimento tenta se proteger da tutela cautelar que pede a reversão de um resgate de R$ 1,2 bilhão que fez referente a uma dívida da Americanas com o BTG Pactual.

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Na petição, o banco alega que a Americanas tentou resgatar cerca de R$ 800 milhões em investimentos na quarta-feira (11) à tarde, menos de três horas antes do fato relevante em que revelou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões, o que seria uma prova de má-fé.

Na alegação de motivos da petição, o BTG Pactual classifica o caso como “maior fraude corporativa de que se tem notícia na história do país”. O banco cita ainda a suspeita de uma operação de venda de R$ 210 milhões em ações pela diretoria meses antes do anúncio das “inconsistências contábeis.”

As ações do BTG Pactual também caíram 3,38% na bolsa nesta segunda, a R$ 21,46. As units do Santander (SANB11) recuaram 4,41% e e as preferenciais de Bradesco (BBDC4) tiveram queda de 3,07%. As preferenciais do Itaú (ITUB4) caíram 1,08%.

Bancos estão entre os principais credores da Americanas, com dívida aproximada de R$ 18,5 bilhões, segundo o Valor Econômico.

Um relatório do Citi divulgado nesta segunda apontou que o BTG, o Santander, o Bradesco e o Itaú são os bancos com maior exposição à dívida da Americanas.

Relembre o caso

Na quarta-feira (11), a Americanas divulgou fato relevante após o fechamento do mercado em que comunicou que identificou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões em exercícios anteriores, incluindo o de 2022. A descoberta levou à renúncia do CEO Sergio Rial, que estava há menos de duas semanas no cargo.

“Numa análise preliminar, a área contábil da companhia estima que os valores das inconsistências sejam da dimensão de R$ 20 bilhões na data-base de 30/9/2022. A companhia estima que o efeito caixa dessas inconsistências seja imaterial”, dizia o comunicado.

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O conselho de administração da Americanas elegeu João Guerra, o head de RH, como CEO interino.

A sessão seguinte foi de forte volatilidade e queda para as ações, que abriram em baixa de 80%, após encerrarem o pregão de quarta (11) negociadas a R$ 12.

Menos de seis horas depois, a Americanas começou a ser alvo de medidas extrajudiciais, “com o envio de notificações informando o vencimento antecipado de obrigações financeiras e consequente exercício de pretensões em juízo ou fora dele em face do patrimônio do grupo”.

Segundo a empresa, cerca de R$ 40 bilhões em dívidas estão passíveis de execução antecipada por cláusulas contratuais, valores que excedem o que havia sido sinalizado anteriormente.

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-- Atualizada às 18h34

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.