Barcelona, Espanha — (Atualiza as cotações da nota originalmente publicada às 7h15)
Apesar da virada positiva da véspera, promovida pela intervenção do Banco da Inglaterra (BoE) no mercado de dívida, os investidores ainda mostram prudência e os índices futuros nesta manhã já se orientam novamente por temores com um cenário global repleto de incertezas sobre o rumo da inflação.
A inflação é a protagonista indiscutível do que resta de semana. Hoje, os investidores monitoram o comportamento dos preços na Alemanha e guardam para amanhã forças para repercutir o deflator PCE, indicador de inflação utilizado pelo Federal Reserve (Fed) para balizar suas decisões de política monetária. No radar de hoje também está o PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre.
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No mercado de títulos, os prêmios dos bônus norte-americanos voltam a subir, o que se traduz em menor valor nominal (o de 10 anos pedia um rendimento de 3,85%). O dólar também engata alta frente a outras divisas. Na renda variável, o sinal é vermelho tanto para os índices europeus como para os futuros de índices nos EUA. Os contratos de petróleo, que caíam anteriormente, instantes atrás voltavam a subir.
Como destaque do mercado acionário, as ações da Porsche operam com ganhos na sua estreia nas bolsas, após a Volkswagen estabelecer o preço final de listagem da fabricante de carros esportivos no limite superior. Os papéis da empresa chegaram a subir 2,9%, para € 84,90 em Frankfurt, ante cotação de oferta de € 82,50, desafiando a queda em torno de 1% do índice da bolsa alemã.
Por outro lado, a H&M reportou uma queda de 86% em seu lucro no terceiro trimestre, com custos mais altos de vestuário e transporte. A empresa anunciou que pretende reduzir custos em US$ 180 milhões.
→ O que move os mercados hoje
🇩🇪 Poucas chances de melhora. A inflação alemã deve subir com fim das medidas de alívio do governo alemão, como subsídio ao transporte público e corte de impostos à gasolina, além do impacto da seca do verão sobre os custos dos alimentos. A estimativa é de que o número tenha saltado em setembro para +9,4% na base anual, contra os +7,9% de agosto.
🐙 Os tentáculos da inflação. O dado da maior economia europeia já direciona o olhar preocupado para os indicadores de sexta-feira, quando serão conhecidas a inflação de setembro na Zona do Euro e, especialmente, o deflator PCE dos Estados Unidos de agosto. O índice mostra o comportamento dos preços pagos pelos americanos por bens e serviços e é um dos principais vetores de análise do Fed.
🪔 Alemanha no escuro. Enquanto isso, os investidores digerem a visão de que a economia da Alemanha deve se contrair 0,4% em 2023, ante uma estimativa prévia de 3,1%, devido ao impacto da crise de energia. A previsão consta de uma relatório semestral feito por um grupo formado pelos principais institutos de pesquisa do país.
🛢️ UE x Rússia. No quadro geopolítico o tom também é tenso. A União Europeia anunciou novas sanções contra a Rússia em resposta ao resultado questionado do referendo para anexação de territórios ucranianos. O plano de limitações, calculado em US$ 6,7 bilhões, inclui impedimentos para venda de petróleo russo por países terceiros e um limite de preços definido para o produto.
🤺 Defesa cambial. O Banco Popular da China fez uma advertência verbal hoje no setor bancário contra a especulação cambial e o yuan avançou pela primeira vez em nove sessões, após tocar o nível mais baixo desde 2008. O aviso foi feito depois que o banco aumentou o custo da compra de dólares no mercado.

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+1,88%), S&P 500 (+1,97%), Nasdaq Composite (+2,05%), Stoxx 600 (+0,30%), Ibovespa (+0,07%)
As bolsas norte-americanas interromperam na quarta-feira uma sequência de sete dias de queda. A atuação do Banco da Inglaterra no mercado de dívida ajudou a amortecer o clima tenso observado até então, que levou os índices a patamares mínimos durante o ano em meio a juros altos e temores de recessão. Além de uma alta das ações, os prêmios dos títulos do Tesouro dos EUA a 10 anos baixaram a 3,7%, após terem superado a marca dos 4%.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: PIB/3T22, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego
• Europa: Zona do Euro (Confiança Econômica/Set, Confiança do Consumidor/Set, Expectativas de Inflação ao Consumidor/Set ); Reino Unido (Aprovações de Hipotecas/Ago); Alemanha (Índice de Preços ao Consumidor/Set); Itália (IPP/Ago); Espanha (Índice de Preços ao Consumidor/Set, Confiança Empresarial); Portugal (Confianças Empresarial e do Consumidor/Set)
• Ásia: China (PMI Composto/Set); Japão (Produção Industrial/Ago, Taxa de Desemprego/Ago, Vendas no Varejo/Ago)
• América Latina: Brasil (Relatório Trimestral de Inflação, Reunião do Conselho Monetário Nacional, IGP-M/Set, Índice de Evolução do Emprego/Ago); México (Decisão sobre Juros/Set)
• Bancos centrais: Discursos de Loretta Mester, Mary Daly e James Bullard (Fed), Luis de Guindos (vice-presidente do BCE) e Frank Elderson (BCE) e David Ramsden (BoE)
📌 Para amanhã:
• EUA (Índice de Preços PCE/Ago, Renda do Consumidor, Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan; Zona do Euro (IPC/Set). Discursos de Lael Brainard (vice-presidente do Fed) e de John Williams (Fed de NY); Reino Unido (PIB); China (PMI); Zona do Euro (IPC, Taxa de Desemprego)
(Com informações da Bloomberg News)