Bancos desconfiam do rumo dos juros na América Latina

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Tempo de leitura: 5 minutos

Bloomberg Línea — Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Enquanto muitos investidores optam por estratégias que lucram com a queda dos juros na América Latina, alguns grandes bancos alertam que é muito cedo para declarar vitória no combate à inflação.

O Bank of America (BAC) disse que as taxas na região podem permanecer altas por mais tempo do que o esperado e, por isso, vale a pena manter posições que se beneficiem de um aumento nos juros em países como México e Chile. Já o Goldman Sachs (GS) recomenda que os investidores sejam seletivos ao adicionar posições que lucram com uma queda nas taxas - já que a inflação ainda não atingiu o pico em muitos mercados emergentes.

As apostas na queda dos juros ganharam força depois depois do dado de inflação dos Estados Unidos, que veio abaixo do esperado e alimentou esperanças de um aperto menos agressivo do Federal Reserve. A América Latina tem sido o destino mais popular para essas apostas, já que os bancos centrais da região foram os primeiros a começar a aumentar as taxas e podem ser os primeiros a considerar cortes, sendo o Brasil o principal exemplo.

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Algumas das maiores quedas dos juros futuros foram observadas na América Latina, onde o ciclo de aperto monetário está em um estágio mais avançado em muitos países. As taxas DI no Brasil com vencimento em janeiro de 2025 caíram mais de 180 pontos base desde que atingiram um pico no final do mês passado.

No Chile, a taxa de dois anos caiu 70 pontos-base desde a alta de meados de julho, enquanto a taxa IBR de mesmo vencimento na Colômbia caiu cerca de 120 pontos-base no mesmo período. No México, os TIIE de dois anos caíram 65 pontos base no mês passado.

Ainda assim, a inflação nesses países permanece na máxima em vários anos, bem acima da meta de seus bancos centrais, e só deu mostras de cair no Brasil.

Saiba por que os analistas afirmam que, diferentemente de seus pares na América Latina, o Brasil pode estar mais perto de encerrar seu ciclo de aperto monetário.

Na trilha dos Mercados

O Federal Reserve (Fed) deu o que falar ao revelar que cogitou abrandar sua política monetária, o que significaria elevar com menos vigor os juros dos Estados Unidos. Se por um lado o Fed luta para evitar que a inflação se arraigue, também quer ponderar o impacto do maior custo do dinheiro sobre a economia para evitar ou minimizar uma recessão.

🛍️ Sinais de arrefecimento. Os efeitos da dobradinha juros altos x inflação ardente já se fazem notar nas ruas. Em julho, as vendas no varejo nos EUA vieram praticamente estáveis ante junho, sinalizando uma eventual fraqueza do consumo e da economia – o primeiro dado nessa direção depois de indicadores recentes mostrando a solidez da economia norte-americana.

🇪🇺 O céu é o limite? É que no velho mundo a perspectiva de que a inflação atingiu o teto, como sugeriu o último indicador de preços dos EUA, ainda não é lá muito factível. A taxa de inflação anual da Zona do Euro fechou o mês de julho em 8,9%, acima dos 8,6% de junho, divulgou esta manhã o Eurostat. Um ano antes, a taxa era de 2,2%. Ontem, o mercado soube que a inflação britânica acelerou mais do que o esperado, renovando o recorde de preços mais altos em 40 anos.

💸 O cenário não melhorou. Para Isabel Schnabel, membro do Banco Central Europeu (BCE), as perspectivas de inflação na Zona do Euro não melhoraram desde o aumento das taxas em julho, segundo a Reuters. No mês passado, o banco central do bloco de 19 países surpreendeu com uma alta das taxas da ordem de 0,50 ponto percentual - o primeiro aumento de juros pelo BCE desde 2011.

🔎 Os mercados observam. No mais, os investidores ficarão de olho nos pronunciamentos de Esther George e Neel Kashkari, do Fed, e nos indicadores macroeconômicos dos EUA, que darão mais pistas sobre a resistência da maior economia do mundo ao cenário turvo com inflação, juros em alta e ameaça de recessão no horizonte. Os próximos passos do Fed vão depender do conjunto de indicadores.

→ A análise completa você lê no Radar dos Mercados

Um panorama dos mercados no começo do diadfd
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,50%), S&P 500 (-0,72%), Nasdaq Composite (-1,25%), Stoxx 600 (-0,91%), Ibovespa (+0,17%)

As ações caíram em Wall Street com os investidores avaliando as perspectivas para o caminho de alta dos juros nos Estados Unidos. Na ata da última reunião do Federal Reserve, realizada em julho, a autoridade monetária observou a necessidade de eventualmente diminuir o ritmo de aumentos de juros para avaliar como está funcionando o aperto monetário para conter a inflação.

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No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Vendas de Casas Usadas/Jul, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego, Índice de Indicadores Antecedentes - Conference Board, Índice de Atividade Industrial e de Condições Empresariais - Fed Filadélfia/Ago

Europa: Zona do Euro (Produção do Setor de Construção/Jun, IPC/Jul); Reino Unido (Confiança do Consumidor GfK/Ago)

Ásia: Japão (IPC/Jul)

América Latina: Brasil (Reunião do CMN)

Bancos centrais: Pronunciamentos de Esther George e Neel Kashkari, do Fed, e de Isabel Schnabel (BCE)

Balanços: Kohl’s, Estee Lauder, Ross Stores

📌 Para amanhã:

• Reino Unido (Vendas no Varejo/Jul, Dívida Líquida do Setor Público/Jul); Alemanha (IPP/Jul); Zona do Euro (Transações Correntes/Jun); Itália (Saldo de Conta Corrente/Jun); México (Vendas no Varejo/Jun)

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe