Serena Williams deixará as quadras para focar em venture capital e na família

Uma das maiores tenistas da história investe há quase dez anos em startups e diz que tem interesse em novas empresas na América Latina e no Brasil

Serena Williams no evento Expert, da XP, em São Paulo no último dia 4 de agosto de 2022
09 de Agosto, 2022 | 10:57 AM

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Bloomberg Línea — A estrela do tênis Serena Williams, 40 anos, anunciou que vai se afastar do tênis e focar em “outras coisas que são importantes” para ela. A declaração da tenista 23 vezes campeã de torneios de Grand Slam foi feita durante uma entrevista à revista americana Vogue, divulgada nesta terça-feira (9). A tenista disse que planeja se aposentar ao fim do US Open, em setembro deste ano.

“Eu nunca gostei da palavra ‘aposentar’”, disse Williams, que planeja se dedicar a sua empresa de capital de risco e a sua família, em conjunto com seu marido e sócio, Alexis Ohanian. Serena é considerada uma das maiores tenistas de todos os tempos.

A atleta disse ter interesse em investir em startups latino-americanas. Em evento realizado pela XP em São Paulo na última semana, ela afirmou o interesse em investir na região, principalmente no Brasil, além de países do continente africano, onde já possui investimentos.

Williams começou a investir há nove anos, quando passou mais tempo na cidade de São Francisco, na Califórnia, encontrando empreendedores de startups. “Fui atraída para o early stage. Fiz alguns investimentos ruins no começo, mas foi quando aprendi a importância do due diligence”, disse ela em referência ao processo de verificação de números e informações antes de um negócio.

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“Eu naturalmente caí no investimento Seed por causa da forma como você ajuda os fundadores e a equipe”, disse Williams a investidores no evento Expert, da XP.

Outras celebridades

Williams, conhecida dentro e fora das quadras, não é a primeira celebridade a olhar para startups. É o caso do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, com a chilena NotCo e a Athletic Greens, ou da cantora colombiana Shakira e da dupla Chainsmokers, que recentemente apostaram US$ 85 milhões na foodtech Magic Spoon.

O ator Leonardo DiCaprio também investe na Neat Burger, na Wildtype e na Waterplan, da Argentina, enquanto a cantora Beyoncé recentemente participou da Série A de US$ 31 milhões da Lemon Perfect. LeBron James, Emily Ratajkowsk e, John Legend estão entre os famosos que investiram na Neutral Food.

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Williams também investiu na startup de saúde mental cofundada pela atriz Selena Gomez, a WonderMind. Gomez também é investidora e colocou seu dinheiro na startup de entrega de última milha Gopuff.

Investimento para mulheres

Cerca de cinco anos atrás, Williams lançou a Serena Ventures depois de, segundo ela, ouvir que menos de 2% do dinheiro da indústria de venture capital estava sendo direcionado para mulheres empreendedoras, em conferência do JP Morgan em Miami. “A única maneira de mudar isso é pessoas como eu, mulheres negras, assinarem os cheques. Semelhante atrai semelhante. Os homens gostam investir em outros homens. As mulheres gostam de assinar cheques para outras mulheres.”

As mulheres representam apenas 22% do total de sócios de fundos de capital de risco na América Latina, de acordo com um novo relatório da Endeavor.

Embora o fundo de Williams também invista em startups comandadas por homens brancos, ela diz que as mulheres acabam sendo atraídas naturalmente para a Serena Ventures porque sentem que têm a chance de serem ouvidas e vistas. “No momento, nosso portfólio tem cerca de 68% de mulheres ou pessoas pretas, o que é realmente inédito no mundo de VC”, disse no evento da XP.

Williams contou que já investiu em 13 unicórnios, as startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais. Para sobreviver a um cenário em que as startups lutam para obter financiamento à medida que os investidores reduzem seus aportes, a atleta aconselha que, quando o mercado mudar, fundadores precisam se conectar a um problema que realmente desejam resolver. E eles precisam desenvolver resiliência.

“Em algum momento, você vai cair. Você tem que lutar pelo que quer. Se um fundador está construindo algo a qual não está super conectado, é difícil para mim, pessoalmente, estar por trás dessa ideia.”

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups