Bloomberg Línea — O unicórnio mexicano Clara, que oferece soluções corporativas de gestão de despesas para empresas da América Latina, recebeu financiamento de até US$ 150 milhões com o apoio do banco americano Goldman Sachs (GS).
Os recursos permitirão que a startup, avaliada em US$ 1 bilhão depois de um aporte de US$ 70 milhões em dezembro do ano passado, continue aumentando a adoção de sua plataforma de gestão de despesas corporativas, atualmente disponível no México, Brasil e Colômbia.
O financiamento ocorre em um contexto incerto para startups no mundo e na América Latina por conta da elevação das taxas de juros. A Clara recebeu o montante por um instrumento de dívida colateralizado, ou seja com garantias. O financiamento por dívida é uma opção quando o capital de risco é mais conservador.
“Esta nova linha de crédito nos permitirá dobrar nossa presença no México, ao mesmo tempo em que alocamos recursos para nossa expansão regional e desenvolvimento de novos produtos”, disse Gerry Giacomán Colyer, CEO e cofundador da Clara, em comunicado à imprensa.
Esses fundos de dívida são usados regularmente como capital de crescimento e, se colocados estrategicamente, os empreendedores podem planejar atingir certos marcos antes das rodadas de capital usando esses fundos, o que, por sua vez, aumentará suas chances de ganhar a rodada de equity.
No caso da Clara, o financiamento também permitirá oferecer soluções de liquidez de curto prazo para seus clientes corporativos. Atualmente, a empresa trabalha com mais de 5 mil empresas em seus três mercados e pretende dobrar esse número até o final do ano.
Giacomán disse à Bloomberg Línea que seu produto tem a vantagem de se adaptar facilmente às condições do mercado. “Entendemos as reais necessidades de nossos clientes, com base nisso podemos conceder produtos e linhas de crédito que satisfaçam suas operações sem comprometer seus recursos.”
Para o executivo, este financiamento representa a confiança que os investidores internacionais têm no potencial das startups de tecnologia e no futuro do setor na América Latina, mesmo em um momento que apresenta grandes desafios para seu desenvolvimento.
A Clara tem entre seus investidores a Coatue, General Catalyst, DST Global, monashees, Kaszek, o que lhe permitiu se tornar um dos unicórnios mais jovens da América Latina, apenas oito meses após sua fundação.
Superando a crise
Giacomán afirmou à Bloomberg Línea que a empresa sempre se concentrou no desenvolvimento de um modelo de negócios sólido e lucrativo, baseado em uma forte infraestrutura tecnológica.
“Com a ajuda de nossos investidores, desenvolvemos práticas financeiras mais disciplinadas para manter um negócio lucrativo”, disse.
A crise levou muitas startups a terem disciplina financeira. A Clara, inclusive, reduziu custos cortando 10% de sua força de trabalho, “para consolidar seu produto nos países onde estão presentes”, argumentou a startup no mês passado.
Com a linha de crédito, a Clara também anunciou que está reforçando sua equipe na área financeira e de risco. Em julho, a empresa trouxe o brasileiro André Henrique Santoro como Chief Risk Officer. Santoro tem mais de 15 anos de experiência em gestão de risco, incluindo seu tempo no CitiBank e RappiBank Brasil.
Além disso, há oito meses, Tina Reich, ex-diretora de crédito da American Express, vem trabalhando em estreita colaboração com Clara como consultora. Reich é especialista em gerenciamento de risco e liderou as divisões de ciência de dados, análise de marketing e risco em instituições como JPMorgan (JPM) e Citigroup (C).
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