Locaweb dispara com resultados de techs americanas; o que dizem os analistas?

Ativos de companhias brasileiras operavam em alta nesta quarta-feira (27) após resultados de gigantes do setor de tecnologia dos Estados Unidos

Companhia anunciou a aquisição da Squid, focada em marketing e influenciadores digitais
27 de Julho, 2022 | 04:21 PM

São Paulo — A divulgação dos bons resultados da Microsoft (MSFT34) e do Google (GOGL34) referentes ao segundo trimestre de 2022 causou um efeito positivo nas empresas setor de tecnologia do Brasil, dando um respiro para ações que acumulam um desempenho de queda no ano, como a Locaweb (LWSA3).

Às 16h desta quarta-feira (27), os papéis da companhia de hospedagem de sites e computação em nuvem subiam 6,15%, a R$ 6,73 - mas ainda com baixa acumulada no ano de 76%.

O efeito segue as gigantes americanas do setor, que mostraram um cenário menos pessimista do que o antecipado pelos mercados com as altas de juros por lá. Na terça, o Google reportou uma receita de US$ 57,47 bilhões no trimestre, pouco abaixo dos US$ 58 bilhões projetados, enquanto a Microsoft, por sua vez, anunciou que as receitas líquidas subiram para US$ 16,7 bilhões, ou US$ 2,23 por ação.

A companhia deu uma previsão de vendas encorajadora para o ano fiscal atual, acalmando os temores de que o dólar forte e uma economia enfraquecida arruinariam as vendas.

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E o que a Locaweb tem a ver com isso?

Jennie Li, estrategista da XP Investimentos, afirma que a situação enfrentada pelas companhias tech brasileiras e norte-americanas são diferentes, e que, apesar da alta de hoje, o otimismo com os ativos dos Estados Unidos dessa área ainda não contagiou os investidores do Brasil.

“Antes dos resultados, havia um certo nervosismo no mercado, com bastante preocupação em meio a esse cenário desafiador e preocupante com uma recessão por vir. Então, os balanços foram suficiente bons para uma reação positiva, mas é uma particularidade dos EUA”, afirma.

Li explica que isso acontece porque as big techs americanas são líderes globais em suas áreas, como é o caso do próprio Google e da Microsoft. No Brasil, o jogo muda. “Por aqui, continuamos não gostando das ações de empresas de tecnologia por serem mais caras e sofrerem bastante em ambientes de alta de juros e retirada de estímulos, além de um setor desafiador macroeconômico”, diz.

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O segundo trimestre de 2022 é definido pela XP como um período “desafiador para a maioria das empresas, principalmente devido à deterioração do cenário macro no Brasil”. Os resultados das companhias devem ser mistos para o período, com destaques positivos para a área de telecomunicações.

Para a Locaweb, a XP prevê uma divulgação de resultados neutros para o segundo trimestre, com um crescimento de receita líquida de 51% ano a ano e de 12% na comparação trimestral, impulsionado pelo segmento de comércio e crescimento inorgânico com aquisições recentes.

O Ebitda projetado pela XP é de 14,1%, “pois as aquisições feitas pela empresa impactaram negativamente o consolidado”. A corretora “acredita que o pior já passou”, com a previsão de um lucro líquido de R$ 17 milhões e a recomendação de Compra.

O que as outras casas falam sobre a Locaweb?

Em relatório da última semana, o BTG Pactual reiterou a recomendação de Compra do papel da Locaweb, com a expectativa de resultados sólidos para o segundo trimestre. Segundo o banco, o faturamento da empresa de hospedagem de sites, serviços de internet e computação em nuvem deve atingir R$ 280 milhões, crescendo 52% na comparação ano a ano, impulsionado por fusões e aquisições e um forte crescimento orgânico no negócio de comércio.

O BTG prevê também que as receitas de comércio crescerão 101% ano a ano, com rotações orgânicas subindo cerca de 40% e Ebitda a R$ 40 milhões, representando um aumento de 21% na comparação trimestral, com margem de 14,2%.

Já o UBS BB não é tão otimista com o papel. O escritório definiu os ativos da Locaweb com a recomendação Neutra, com um preço-alvo reduzido de R$ 12 para R$ 8.

Ainda assim, os analistas, em relatório da última segunda-feira (25), apontam que o crescimento da receita da companhia deve manter um ritmo sólido, de 53% no ano ao ano, chegando a R$ 282 milhões, impulsionado principalmente pela unidade de comércio. A margem Ebitda deve crescer para 14%, com Ebitda de R$ 39 milhões no período. Já o lucro líquido deve atingir R$ 28,5 milhões.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.