Bolsonaro diz que inflação e alta de combustíveis são culpa do isolamento social

Presidente disse que a pior inflação para abril desde 1996 é consequência da política do “fique em casa, a economia a gente vê depois”

Em discurso no interior de São Paulo, Bolsonaro diz que inflação é culpa da política de isolamento social adotada por orientação da OMS para combater o coronavírus
12 de Maio, 2022 | 05:46 PM

Bloomberg Línea — Em discurso no interior de São Paulo nesta quinta-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a causa da inflação e da alta dos combustíveis é a política de isolamento social adotada para combater a pandemia do coronavírus, por recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A fala foi no encerramento da Feibanana, uma feira de bananicultura e agronegócio. O presidente disse que uma obra na cidade de Pariquera-Açú estava atrasada por causa da “política errada” do isolamento. “A consequência disso foi e está sendo uma inflação agora generalizada no mundo todo. E o Brasil é um país que está tendo inflação e aumento de combustível. Sei disso e assumo as minhas responsabilidades, mas isso se faz presente no mundo todo. O Brasil é um daqueles que menos está sofrendo com a inflação”, discursou.

Ontem (11), o IBGE divulgou os dados da inflação de abril. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para abril ficou em 1,06%, o pior resultado para o mês desde 1996. A inflação acumulada desde abril do ano passado ficou em 12,13%.

Segundo dados da OCDE divulgados na semana passada, o Brasil tem a terceira maior inflação dos países que integram o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo. Fica atrás apenas da Turquia e da Rússia, nessa ordem.

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De acordo com a pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira (11), a economia é o principal problema para 50% dos eleitores. Cerca de 18% dessa parcela acreditam que o principal problema econômico seja a inflação.

A Petrobras (PETR4) (PETR3) também anunciou reajuste do preço do diesel em 8,87% na refinaria. Desde o início do ano, o combustível, um dos principais custos do frete no Brasil, aumentou 49%, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Também ontem (11), Bolsonaro trocou o ministro de Minas e Energia. Demitiu o almirante Bento Albuquerque e nomeou Adolfo Sachsida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, para o lugar. Em seu primeiro pronunciamento como ministro Sachsida, aliado de Paulo Guedes e bolsonarista de primeira hora, disse que pretende incluir a Petrobras no programa de privatizações do governo federal.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.