Petrobras aumenta diesel apesar de reclamações de Bolsonaro

Foi o primeiro reajuste do novo presidente da empresa, José Mauro Coelho, que assumiu o comando em 14 de abril

Petrobras
Por Mariana Durao e Peter Millard
09 de Maio, 2022 | 11:42 AM

Bloomberg — A Petrobras (PETR4) elevou o preço do diesel apenas alguns dias após o presidente Jair Bolsonaro criticar a estatal por lucros muito altos e apelar para que não reajustasse o combustível.

Depois de manter os preços estáveis desde março, a Petrobras anunciou um aumento de 8,9% no litro do diesel que vende às distribuidoras, para R$ 4,91, segundo comunicado nesta segunda-feira. O preço da gasolina ficou inalterado.

Foi o primeiro reajuste do novo presidente da empresa, José Mauro Coelho, que assumiu o comando em 14 de abril. Três dos CEOs da empresa, incluindo o antecessor de Coelho, Joaquim Silva e Luna, perderam o cargo durante períodos de aumento de preços dos combustíveis.

Em 5 de maio, Bolsonaro, que se candidata à reeleição em outubro, criticou o “lucro abusivo” da Petrobras depois que a empresa anunciou um lucro líquido robusto de R$ 44,56 bilhões no primeiro trimestre.

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“Peço à Petrobras responsabilidade, não aumente o preço do diesel”, disse o presidente em discurso semanal nas redes sociais.

O impacto do aumento de preços dos combustíveis pressiona o Ministério da Economia a conceder subsídios, de acordo com uma pessoa da equipe econômica com conhecimento do assunto. Essa solução, no entanto, é vista como cara e ineficaz, disse a pessoa, pedindo anonimato porque as discussões não são públicas.

O governo já cortou impostos sobre o diesel e o etanol e o Congresso aprovou um projeto de lei para mudar a forma como os impostos estaduais são cobrados sobre combustíveis para amenizar o impacto. Outras medidas são limitadas por restrições de gastos devido à próxima eleição, disse a pessoa.

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A defasagem entre os preços cobrados pelas refinarias da Petrobras e os níveis internacionais cresceu desde o aumento de preços de março à medida que o petróleo chegou a subir acima de US$ 110 por barril, tornando a importação de gasolina e diesel inviável. A diferença era de 21% para o diesel e 17% para a gasolina em 6 de maio, segundo a associação de importadores de combustíveis Abicom.

Coelho na sexta-feira disse que as preocupações de Bolsonaro com os altos preços dos combustíveis são legítimas, mas também disse que a direção da empresa tem a obrigação de manter sua política de preços.

“Em determinado momento os reajustes devem ser feitos para que a gente mantenha a saúde financeira da nossa companhia”, disse Coelho.

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