Mercados sobem nos EUA e na Europa, mas seguem atentos a sanções contra a Rússia

Futuros nos EUA e bolsas europeias conseguem se situar no campo positivo, mas dúvida sobre o impacto da guerra sobre a economia global adiciona volatilidade

As variáveis que orientarão os mercados
04 de Abril, 2022 | 09:19 AM
Últimas cotações

Barcelona, Espanha — A semana abre com os mercados financeiros acompanhando os últimos desdobramentos da guerra na Ucrânia. A pressão de alguns países da União Europeia para que o bloco imponha novas sanções à Rússia, em resposta a relatos de que tropas russas executaram civis desarmados em cidades ucranianas, é acompanhada com atenção.

Os futuros dos índices norte-americanos subiam junto com as bolsas europeias, com as notícias corporativas ditando o rumo. No mercado dos EUA, o tema de destaque esta manhã veio do presidente executivo da Tesla, Elon Musk, que assumiu uma participação de 9,2% no Twitter (TWTR), cujas ações dispararam até 26% nas negócios prévias à abertura das bolsas. As ações da Tesla (TSLA) também subiam depois que a montadora bateu recorde de entregas no primeiro trimestre.

O índice Stoxx Europe 600 flutuou antes de subir. As ações do Delivery Hero SE saltaram 14% após a empresa dar bons prognósticos sobre sua rentabilidade no próximo ano. As ações da Roche Holding AG se beneficiaram com a concessão, pela Administração de Alimentos e Drogas dos EUA, de uma revisão prioritária para seu medicamento Roactemra Covid-19.

Os Treasuries norte-americanos perdiam valor nominal ante a perspectiva de aumentos mais acentuados dos juros para debelar a inflação. O rendimento dos títulos de dois anos (2,42%) chegou a ultrapassar o do bônus de 30 anos (agora em 2,46%) pela primeira vez desde 2007. O petróleo subia mais de 1% em razão do risco de fornecimento pela Rússia.

PUBLICIDADE

🚫 Novas punições à Rússia

A União Europeia condenou a Rússia pelo que classificou de atrocidades cometidas por seus militares em várias cidades ucranianas. O bloco diz trabalhará “com urgência” em sanções adicionais contra Moscou. “As autoridades russas são responsáveis por estas atrocidades, cometidas enquanto tinham o controle efetivo da área”, disse hoje o bloco em uma declaração conjunta, acrescentando que Bruxelas ajudará a Ucrânia na coleta e preservação de provas de crimes de guerra. “Eles estão sujeitos à lei internacional de ocupação”. Negociadores da Rússia e da Ucrânia devem retomar as conversas hoje por videoconferencia.

Outro fator relevante para os mercados é a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), programada para quarta-feira. Será um documento de vital importância para conhecer os pesos e as posições dos integrantes do Fed que arbitram sobre a política monetária dos EUA.

🤷‍♂️ À caça de respostas

Quando, quanto e a que ritmo o banco central norte-americano reduzirá seu balanço patrimonial, o que se traduzirá em um enxugamento de títulos no mercado e menor liquidez no mercado. Qual será a velocidade e a intensidade da subida dos juros? Estas são algumas das perguntas para as quais os investidores buscam respostas - ou pelo menos algumas pistas, neste contexto de inflação batendo recordes, menor crescimento econômico e previsão de encolhimento dos balanços corporativos.

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Guerra barra US$ 45 bi em negócios no mundo

Um panorama dos mercados

🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow (+0,40%), S&P 500 (+0,34%), Nasdaq (+0,29%), Stoxx 600 (+0,54%), Ibovespa (+1,31%)

Após duas sessões consecutivas de perdas, as bolsas de valores conseguiram fechar no azul. Os dados econômicos dos EUA contribuíram positivamente. A taxa de desemprego caiu para 3,6%, um desempenho melhor do que os analistas esperavam. Os salários registraram o maior ganho desde maio de 2020, o que pode ajudar o consumidor a encarar o galope inflacionário. Por outro lado, a percepção de uma economia mais resiliente pode ser um argumento a favor de subidas de juros mais pronunciadas pelo Fed, uma investida para conter a alta dos preços.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriado na China (Festival Ching Ming)

• EUA: Índice de Tendência de Emprego/Mar; Pedidos de Bens Duráveis - excluindo Defesa/Fev; Encomendas à Indústria/Fev

PUBLICIDADE

• Europa: Zona do Euro (Encontro do Eurogrupo; Confiança do Investidor Sentix/Abr; IPP/Fev); Alemanha (Balança Comercial/Fev, Saldo de Transações Correntes/Fev); França (Balanço Orçamentário do Governo/Fev); Espanha (Variação no Desemprego)

• Ásia: Japão (Gastos Domésticos/Fev; Massa Salarial Geral de Empregados/Fev; PMI do Setor de Serviços/Mar)

• América Latina: Brasil (IPC-Fipe/Mar; Boletim Focus, Transações Correntes/Fev; Investimento Estrangeiro Direto/Fev); México (Confiança do Consumidor); Argentina (Receita Tributária)

• Bancos centrais: Discurso de Jon Cunliffe (BoE)

📌 E para amanhã:

• Feriado na China e em Hong Kong (Festival Ching Ming)

• Indicadores PMI: Estados Unidos, Brasil, Zona do Euro, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Hong Kong, China

• EUA: Balança Comercial/Fev; PMI Indicadores ISM do Setor Não-Manufatureiro/Mar; ISM Atividade Empresarial Não Manufatureira/Mar); Estoques de Petróleo Bruto Semanal API; Vendas de Veículos

• Europa: França (Produção Industrial/Fev); Itália (Déficit Público/4T21)

• Bancos centrais: Discursos de Neel Kashkari, Lael Brainard e Williams (Fed/FOMC)

-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.