Dólar abaixo de R$ 4,90 e Ibovespa na contramão do exterior com commodities

Em dia de maior aversão ao risco, mercados ponderam medidas mais agressivas de bancos centrais para conter a alta da inflação

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Bloomberg Línea — O dólar voltou a cair pelo sexto dia seguido e passou a ser negociado na casa dos R$ 4,85 nesta quarta-feira (23). A moeda americana tem rompido sucessivamente patamares considerados de resistência para as cotações, com a perspectiva de fluxo crescente de recursos para o país e juros mais elevados no Brasil.

Na Bolsa, o Ibovespa (IBOV) opera em leve alta nesta tarde, na contramão das bolsas globais, puxado pelas ações ligadas às commodities, como petroleiras, mineradoras e siderúrgicas.

O movimento destoa do extreior, com queda das bolsas em Wall Street e na Europa, onde os principais índices acionários fecharam o pregão desta quarta em baixa de até 1,3%.

Os mercados seguem atentos às sinalizações de autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, após alguns membros do do Fomc defenderem doses mais elevadas de aumento dos juros. Na semana passada, o Fed elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, na primeira alta desde 2018.

Com o risco de novas restrições à Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, o preço do petróleo voltou a subir e avançava pouco mais que 4% nesta tarde, com o tipo Brent negociado por volta dos US$ 120 o barril.

O movimento contribuía para a alta das ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que subiam 1,94% (ON) e 1,96% (PN) na Bolsa brasileira, por volta das 14h30 (horário de Brasília).

Também subiam os papéis de 3R Petroleum (RRRP3), com alta de 2,4%, e Petrorio (PRIO3), com ganhos de 2,4%, além de CSN (CSNA3), com alta de 0,81%.

Já a Vale (VALE3) passou a operar entre perdas e ganhos nesta tarde, limitando a alta do Ibovespa.

Do lado das perdas, destaque para Fleury (FLRY3), com baixa da ordem de 4% e Minerva (BEEF3), que recuava 3%.

Confira o desempenho dos mercados nesta quarta-feira (23);

  • O Ibovespa (IBOV) amenizou os ganhos e subia 0,14%, por volta das 14h30 (horário de Brasília), negociado aos 117.439 pontos;
  • O dólar à vista recuava 1,14%, negociado aos R$ 4,85;
  • Entre os contratos de juros futuros, o DI com vencimento em 2025 recuava de 12,06% para 11,99%;
  • O Bitcoin (BTC) caía 0,50%, a US$ 42.394;

Quadro externo

No âmbito internacional, o dia é de queda para as principais bolsas da Europa e dos Estados Unidos, com os investidores de olho em políticas mais agressivas de bancos centrais para conter a forte pressão inflacionária.

As preocupações com o crescimento estão perturbando os mercados à medida que a guerra se alastra na Ucrânia e os consumidores arcam com o aumento do custo de vida.

As ações europeias pararam de subir nesta quarta após sua maior sequência de vitórias desde novembro, enquanto o S&P 500 caiu depois de recuperar metade de seu declínio desde janeiro.

  • Nos EUA, o Dow Jones recuava 1,08%, o S&P tinha queda de 0,86%, enquanto o índice da Nasdaq cedia 0,69%;
  • Na Europa, o índice Dax, da Alemanha, teve baixa de 1,31%, enquanto o CAC-40, de Paris, caiu 1,17%.

Ainda no radar externo, a Rússia reiniciará as negociações em sua bolsa de valores nesta quinta-feira (24) com algumas ações locais, encerrando a longa paralisação do mercado do país após a invasão da Ucrânia e das sanções subsequentes.

A Bolsa de Moscou retomará a negociação de 33 ações russas, incluindo algumas das maiores empresas, como Gazprom PJSC e Sberbank PJSC.

(Com informações da Bloomberg News)

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