Bloomberg — Gestores de fundos hesitam em comprar ações chinesas mesmo após a forte queda recente. Os laços do país com a Rússia, as medidas restritivas extremas para conter a pandemia e falta de clareza sobre o fim de medidas regulatórias rigorosas ofuscam as oportunidades de compra.
A maioria dos investidores entrevistados pela Bloomberg reluta em se aproveitar do sell-off, mesmo com valuations nos níveis mais baixos em mais de uma década. Alguns planejam manter suas posições existentes, mas poucos querem acrescentar.
“Ainda estamos evitando ações chinesas”, disse John Plassard, diretor da Mirabaud & Cie. “Há muitos pontos de interrogação”. A Mirabaud vendeu suas posições acionárias chinesas no ano passado e não retornou a elas, acrescentou.
A queda das ações chinesas veio depois que autoridades dos Estados Unidos afirmaram que a Rússia pediu assistência à China na sua guerra contra a Ucrânia. A China negou a informação, mas o mercado teme que quaisquer sanções contra Pequim possam piorar o aperto da cadeia de suprimentos e abalar o crescimento global.
São as preocupações que as sanções contra a Rússia se espalhem para a China que estão pressionando as ações chinesas, de acordo com Jian Shi Cortesi, que administra fundos de ações da China e da Ásia na GAM Investments. A guinada só virá quando o movimento de venda de ADRs se esgotar e a situação da Ucrânia se resolver, disse ela.
Cortesi não quis comentar sobre quaisquer mudanças de portfólio na GAM.
Enquanto isso, analistas do JPMorgan (JPM) rebaixaram 28 ações da China listada nos EUA e em Hong Kong.
O sentimento também tem piorado com o lockdown em Shenzhen, um importante centro de tecnologia nos arredores de Hong Kong e na província de Jilin, no norte.
“Os investidores provavelmente exigirão um longo período de calmaria antes de retornar em massa ao país”, disse Julien Lafargue, estrategista-chefe de mercado do Barclays Private Bank. “Com tantos fatores em jogo aumentando a pressão sobre os mercados de ações chineses, não é surpreendente ver os ativos locais com desempenho inferior a muitos pares globais”.
Para Peter Kisler, gestor de portfólio da Trium Capital, é um bom momento para aumentar a exposição às empresas de tecnologia chinesas.
“Estamos aumentando nossa posição hoje, pois parece que estamos enxergando o fim da liquidação”, disse Kisler. “Acredito que a queda das ações russas para zero assustou muitos investidores, que agora veem um risco não trivial de o mesmo acontecer na China.”
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