Assaí é preferida do Goldman no varejo: ‘proteção contra cenário macro e inflação’

Para analistas, papéis são defensivos no cenário atual; IPCA subiu 1,01% em fevereiro, no maior valor para o mês desde 2015

Em fevereiro, o IPCA teve alta de 1,01%, no maior valor para o mês desde 2015
14 de Março, 2022 | 12:16 PM

bloomberg Línea — Um cenário mais desafiador no horizonte, com pressões inflacionárias potencialmente consistentes, principalmente devido ao recente aumento nos preços globais de petróleo e commodities, tem feito investidores focarem cada vez mais em subsetores defensivos na Bolsa.

A busca é por empresas de setores que são capazes de impulsionar ainda mais o crescimento e ganhos de participação no mercado, mantendo os níveis de rentabilidade e geração de caixa.

Para o Goldman Sachs, o setor de varejo alimentício é um deles, com destaque para as ações de Assaí (ASAI3) que, segundo o banco, é um dos melhores nomes dentro do setor para se estar posicionado hoje na Bolsa brasileira.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira (14), os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini avaliam que no segmento de varejo alimentício no Brasil, as operações de cash & carry (C&C) oferecem a melhor forma de ganhar exposição a um subsetor defensivo, que também oferece oportunidades de ganho estrutural.

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Para o time, em um cenário mais ameno para o volume de alimentos no curto prazo, dada a combinação de alta inflação e salários baixos, o Assaí – como o único operador “puro” de cash and carry – deve se destacar em relação aos pares.

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Os modelos de C&C funcionam por meio de repasse relativamente imediato de custos mais altos em preços, traduzindo-se em maior estabilidade de margem bruta ao longo do ciclo do que para super e hipermercados, que operam tradicionalmente com estratégias mais promocionais de preços “high-low” (preços inicialmente altos, que caem depois da divulgação de descontos).

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A equipe de análise lembra que em períodos passados de alta inflação de alimentos (como em 2016, por exemplo, quando a inflação foi em média 14,5%), o Assaí aumentou sua produtividade média de vendas em 20%, enquanto o Atacadão cresceu 17%.

Em fevereiro deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 1,01%, no maior valor para o mês desde 2015. No relatório Focus, mais recente, as expectativas apontam para alta de 6,45% do IPCA em 2022.

“Embora reconheçamos que outros fatores também desempenham um papel (mercado de trabalho, curvas de maturidade das lojas, etc.), esperamos que o cash & carry supere os formatos de super e hipermercado”, escrevem.

A rede atacadista Assaí deve se beneficiar ainda, de acordo com o Goldman Sachs, de seu ganho de escala, impactada pela integração e conversão das lojas Extra. “O aumento de escala também significa maior poder de barganha com fornecedores nacionais, o que pode, por sua vez, ajudar a mitigar os aumentos de preços para os clientes.”

Novos serviços agregados (como balcões de carnes, frios ou assados) e uma presença geográfica mais ampla, seja pela entrada em novas cidades ou pela expansão para áreas de alta densidade com as conversões do Extra, devem ainda impulsionar o tráfego, na avaliação do banco, e “fortalecer o Assaí como fixador de preços nesta indústria”.

Para o Goldman, que tem recomendação de compra para as ações ASAI3, os papéis estão sendo negociados a valuations atrativos, de 7,9 vezes o preço sobre lucro esperado para 2023, contra 13,5 vezes em relação aos pares globais.

As ações ASAI3 operavam em alta da ordem de 1,5% nesta segunda, negociadas a R$ 13,17 por volta das 12h (horário de Brasília).

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.