Bloomberg — A Argentina suspendeu as exportações de farelo e óleo de soja – medida que costuma tomar antes de aumentar os impostos sobre essas remessas, em meio a expectativas de que o governo tentará aproveitar o rally global de matérias-primas.
No momento, a Argentina é o maior exportador de farelo de soja para pecuária e óleo de soja para cozinha e biocombustíveis. Os agricultores do país começam a colher as leguminosas no final deste mês, e a maior parte do trabalho de campo será feita entre abril e maio. A Ucrânia é um dos seus principais concorrentes com óleo de girassol.
Os impostos sobre a exportação de produtos agrícolas representam um importante (e muitas vezes controverso) fluxo de receita para o governo argentino, que busca a aprovação de um novo plano econômico apoiado pelo Fundo Monetário Internacional. O governo frequentemente suspende o registro de exportação antes de um aumento de impostos para evitar que os agricultores se adiantem e evitem o aumento com uma liquidação.
Atualmente, o farelo e o óleo de soja são tributados em 31%, mas especula-se que a alíquota pode subir para 33%. Nesse caso, o governo receberia até US$ 400 milhões adicionais a partir da próxima safra, disse Lorena D’Angelo, analista do mercado agrícola em Rosário, em seu perfil no Twitter.
Em 2 de março, os processadores de soja haviam comprado e avaliado 2,2 milhões de toneladas de agricultores por meio de contratos a termo, segundo dados do governo; no entanto, nenhuma parcela desse volume foi registrada para exportação. A Argentina deverá exportar 28 milhões de toneladas de farelo de soja e 5,9 milhões de toneladas de óleo de soja nesta temporada, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
A Argentina já havia intervindo nos mercados agrícolas desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia com um subsídio para a indústria nacional de trigo, refletindo uma política anterior para óleos vegetais, à medida que o protecionismo alimentar aumenta em todo o mundo.
Aumento nos combustíveis
O rally global das commodities atingiu a Argentina novamente na segunda-feira (14), quando a petrolífera estatal YPF S.A. (YPFD) aumentou os preços em cerca de 10% para cobrir o alto custo das importações de diesel.
Os planos da YPF na jazida de xisto de Vaca Muerta dependem da venda de combustíveis. No entanto, a empresa também responde por mais da metade do consumo de gasolina e diesel da Argentina, de modo que o aumento provavelmente afetará seus esforços para desacelerar a inflação.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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