Perspectiva de emissão pela UE acalma os mercados, mas volatilidade ainda impera

Bolsas na Europa e futuros de índices nos EUA se inclinam para o campo positivo, embora tenham operado no vermelho esta manhã por breves instantes

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Barcelona, Espanha — A possibilidade de a União Europeia fazer uma emissão conjunta de bônus, numa tentativa de minimizar os efeitos econômicos da invasão russa à Ucrânia, trouxe um alento às bolsas europeias e também aos futuros de índices nos Estados Unidos. A notícia, veiculada pela Bloomberg, fez com que o Stoxx 600 subisse mais de 1% durante a manhã, abrindo caminho à recuperação alguns dos setores mais afetados nos últimos pregões, como bancos, concessionárias e fabricantes de automóveis.

A volatilidade, porém, continua nos mercados de renda variável, que chegaram a cair pontualmente esta manhã. A guerra travada pela Rússia ainda lançará muita incerteza, na medida em que ameaça o suprimento mundial de matérias-primas e empurra os preços das commodities a níveis históricos.

Nos demais segmentos, o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos subia, acompanhado de seus pares no mercado europeu. O spread entre os prêmios dos bônus italianos e alemães com 10 anos de prazo - um indicador chave de risco na região do euro - se tornou mais apertado. Ouro (acima de US$ 2 mil a onça) e petróleo seguem em sua trajetória de alta (WTI acima de US$ 122 por barril).

Uma nova rodada de estímulo se desponta como alívio bem-vindo para um mercado que foi sacudido nas últimas semanas com a invasão russa à Ucrânia, que levou os preços do petróleo bruto e do gás às alturas e intensificou as preocupações sobre a inflação e o crescimento econômico mundial.

Nos Estados Unidos, os legisladores trabalham para barrar as importações de petróleo russo. A Rússia, por sua vez, ameaçou cortar o fornecimento de gás natural para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1.

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🇪🇺 Emissão bônus

O bloco está a ponto de revelar, provavelmente nesta semana, os detalhes desta emissão potencialmente massiva. O propósito da operação seria financiar os gastos com energia e defesa nos 27 Estados membros.

Segundo fontes relataram à Bloomberg, a proposta poderá ser apresentada após uma cúpula de emergência com líderes do bloco em Versalhes (França) de 10 a 11 de março. As autoridades ainda estão trabalhando nos detalhes sobre como funcionariam as vendas da dívida e quanto dinheiro pretendem levantar.

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💶 Mais dívida

O movimento extraordinário vem apenas um ano depois que a UE lançou um pacote de emergência de 1,8 trilhões de euros (US$ 2 trilhões), também apoiado por uma dívida conjunta, para que os países membros lidassem com a pandemia. Agora, o bloco enfrenta novas necessidades de financiamento para equalizar sua infraestrutura militar e energética após a invasão russa da Ucrânia.

🤯 Mais dúvidas

Além de todas as incertezas em torno do impacto da guerra sobre inflação e crescimento econômico, o mercado tenta adaptar seus prognósticos para as taxas de juros diante deste novo cenário.

Se as commodities permanecerem nestes níveis elevados, a vida será ainda mais difícil para os bancos centrais, que terão que encontrar a fórmula para evitar que a inflação se enraíze sem que a elevação das taxas de juros freie a expansão econômica. Uma façanha de política monetária em um contexto extremamente conturbado.

  • Na quinta-feira, o mercado conhecerá a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). E também a inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que se encontra no maior nível desde 1982.

🟢 As bolsas ontem: Dow (-2,37%), S&P 500 (-2,95%), Nasdaq (-3,62%), Stoxx 600 (-1,10%), Ibovespa (-2,52%)

As bolsas norte-americanas começaram a semana com perdas - o S&P 500 fechou com o pior desempenho até agora este ano. Crescem as incertezas sobre o impacto que pode ter a guerra na Ucrânia no crescimento econômico e na inflação. As commodities avançam com força ante a possibilidade de que os EUA imponham restrições à importação do petróleo produzido pela Rússia. Os membros da OTAN compram atualmente mais da metade dos 7,5 milhões de barris por dia de petróleo bruto e produtos refinados da Rússia.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Indicador NFIB de percepção das pequenas empresas/Fev; Balança Comercial/Jan, Índice Redbook, Estoques no Atacado/Jan, Perspectiva Energética de Curto Prazo da EIA,Estoques de Petróleo Bruto Semanal API

• Europa: Zona do Euro (Emprego/4T21; PIB/4T21); Alemanha e Espanha (Produção Industrial/Jan); Itália (Vendas no Varejo)

• Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes/Jan, PIB/4T21, Massa Monetária) Antecedentes/Jan); China (IPC/Fev)

• América Latina: Brasil (IGP-DI/Fev, IPP/Jan, Produção e Vendas de Veículos/Fev); Chile (Taxa de Inflação/Fev); Colômbia (Indicadores Econômicos da Construção/2021); México (Indicadores de Produtividade no Trabalho/2021)

• Bancos centrais: Pronunciamento de Sabine Mauderer, do BC alemão

📌 E para amanhã:

• EUA: Ofertas de Emprego JOLTs/Jan; Pedidos e Juros de Hipotecas MBA; Estoques de Petróleo Bruto; Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA/Semanal; Produção e Estoques de Gasolina

• Europa: Alemanha (Saldo das Transações Correntes/Jan)

• Ásia: Japão (Encomendas de Ferramenta Mecânica)

• América Latina: Brasil (Produção Industrial/Jan; Fluxo Cambial Estrangeiro); México (IPC/Fev)

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-- Com informações de Bloomberg News