Credit Agricole tem US$ 7 bilhões de exposição a Rússia e Ucrânia

Debandada dos credores devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia se intensifica e temores derrubam ganhos

Outros bancos, como Raiffeisen, SocGen e UniCredit também estão expostos à Rússia.
Por Alexandre Rajbhandari
07 de Março, 2022 | 08:30 PM

Bloomberg — O Credit Agricole (ACA) juntou-se a outros credores europeus que divulgaram empréstimos e compromissos com a Rússia e a Ucrânia, afirmando que sua exposição aos dois países é de cerca de 6,4 bilhões de euros (US$ 7 bilhões), à medida que a guerra atinge cada vez mais empresas e mercados locais.

A exposição total do banco francês representa cerca de 0,6% de sua carteira geral de empréstimos comerciais e inclui cerca de 4,9 bilhões de euros relativos à Rússia, de acordo com um comunicado nesta segunda-feira (7). Os compromissos de empréstimos comerciais para a Ucrânia equivalem a cerca de 1,5 bilhão de euros, disse o banco.

A situação da Rússia não terá nenhuma consequência na distribuição de seus dividendos para 2021. Na semana passada, o Raiffeisen Bank International anunciou que suspenderia o pagamento de seus dividendos, pois o credor, que obtém 30% de seu lucro antes dos impostos da Rússia, avalia o impacto das sanções econômicas.

Um número cada vez maior de bancos europeus busca amenizar as preocupações dos investidores sobre sua exposição à Rússia e à Ucrânia, enquanto o presidente Vladimir Putin reiterou no fim de semana que a guerra continuará até que a Ucrânia aceite suas demandas, diminuindo as esperanças de um acordo negociado. A invasão colocou a moeda e os mercados russos em parafuso, gerando preocupações de que as empresas não conseguirão pagar empréstimos a bancos europeus ou que os credores serão forçados a desistir.

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O Credit Agricole caía até 10% no início do pregão de Paris e caiu 9% às 9h48 (5h48 de Brasília) em meio a temores de um choque inflacionário com a alta dos preços do petróleo e preocupações com o crescimento global. O Société Générale perdeu até 12% e a UniCredit caiu 12%, ao passo que as ações da Raiffeisen despencaram 12,8%, chegando em seu nível mais baixo desde junho de 2016.

Raiffeisen, SocGen e UniCredit estão entre os bancos europeus mais expostos à Rússia.

O Credit Agricole diz que nenhum novo financiamento foi concedido a clientes russos desde o início do conflito. Na Ucrânia, onde o credor emprega cerca de 2,3 mil pessoas, a maioria de suas 148 filiais locais foram fechadas no início da guerra.

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O credor holandês ING Groep disse na semana passada que sua exposição relacionada à Rússia chega a um total de 6,7 bilhões de euros, e a indústria de metais e mineração representa mais de um terço desse valor.

A SocGen tem 18,6 bilhões de euros (US$ 20,6 bilhões) em exposição a contrapartes na Rússia, dos quais 15,4 bilhões de euros estão em sua subsidiária Rosbank. Em um cenário extremo no qual fosse destituído dos direitos de propriedade sobre seus ativos bancários no país, o banco com sede em Paris teria um impacto de 50 pontos-base em seus colchões de capital, disse na quinta-feira (3).

O balanço patrimonial offshore do Credit Agricole no país consiste em 15 grandes empresas, principalmente envolvidas em indústrias pesadas e no setor de energia, e é majoritariamente constituído de dólares e euros.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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