No caminho para virar unicórnio, mexicana Valoreo capta US$ 80 milhões

Os agregadores de marcas estão em alta e a L Catterton está investindo no que pode vir a ser o segundo unicórnio do setor na região

Acima: Miguel Oehling, cofundador e aquisições, Pedro Bousoño, COO, Cedrik Hoffmann, cofundador e supply chain e Julio Alcalde, CFO. Abaixo: Brenda Hernandez, CPO, Stefan Florea, Alex Gruell e Martin Florea, cofundadores e co-CEOs e Andrés Paéz Martínez, CTO.
22 de Fevereiro, 2022 | 12:00 PM

O setor de fintechs ainda domina as rodadas de capital de risco da América Latina, seguido pelo e-commerce. Mas os investidores estão começando a se ramificar em investimentos especializados, de acordo com a LAVCA (Associação para Investimentos de Capital Privado na América Latina). As rodadas recentes também incluem finanças descentralizadas, trading de varejo e BNPL (Buy Now, Pay Later), além de agregadores de marca, D2C (direto ao consumidor) e vitrines digitais para PMEs (pequenas e médias empresas), respectivamente.

A startup mexicana Valoreo está surfando na onda de entradas de capital para agregadores de marcas. Depois de arrecadar uma rodada da Série A de US$ 30 milhões em julho de 2021, a empresa agora está garantindo sua Série B, uma captação de US$ 80 milhões liderada pela empresa de private equity L Catterton. A startup não divulga sua avaliação, mas Alexander Gruell, co-CEO e cofundador da Valoreo, disse que houve um “aumento significativo desde a última rodada”. Enquanto isso, Martin Florea, cofundador e co-CEO da Valoreo acrescentou que o financiamento obtido na rodada atual, juntamente com a trajetória de negócios de alto crescimento, posiciona a Valoreo “muito bem para alcançar um status de unicórnio em um futuro próximo”.

Gruell disse que a L Catterton será dona de uma parte significativa da empresa, além de ter representação no conselho, que já reúne alguns nomes. Fundada no final de 2020 por Martin e Stefan Florea, Alexander Gruell, Cedrik Hoffmann e Miguel Oehling, a empresa é apoiada por investidores globais, incluindo Kaszek, Upper90, Presight Capital, Kingsway Capital e FJ Labs. Em menos de um ano, a Valoreo conseguiu levantar US$ 80 milhões em sua rodada Seed e Série A. O mais recente foi em julho de 2021, quando arrecadou US$ 30 milhões.

O cofundador e co-CEO da Valoreo Stefan Florea diz que o financiamento veio porque a empresa teve um período de “enorme crescimento” e ampliou a equipe nos últimos meses “com os melhores talentos da região para construir a melhor máquina de operações e tecnologia”.

PUBLICIDADE

“Além dos recursos financeiros significativos que recebemos, queremos ter os melhores parceiros a bordo alinhados com nossos valores e visão de longo prazo”, disse à Bloomberg Línea. “Nós nos sentimos muito privilegiados por ter a L Catterton como um novo parceiro, que está alinhado com nossa visão e que pode agregar valor significativo para nós, dada a longa experiência da empresa na construção de marcas globais, de ser o principal investidor no mercado de consumo há décadas”.

A aspirante a unicórnio usará o capital para acelerar a aquisição de marcas de e-commerce na América Latina e investir em tecnologia, além de expandir geograficamente e estimular o crescimento orgânico das marcas existentes em seu portfólio.

Gruell vê a América Latina como um mercado de dois players principais para agregadores de marcas, com a Valoreo e o unicórnio do Brasil/México Merama como líderes, embora startups como WonderBrands também estejam chamando a atenção do capital de risco. No entanto, a Valoreo afirma ter um modelo de negócios diferente do recém-criado unicórnio Merama da América Latina.

PUBLICIDADE

“Adquirimos marcas integralmente e consolidamos as operações - podendo agregar novos produtos, aprimorar os já existentes e até criar marcas do zero. A estratégia da Merama é investir nas marcas para se tornarem parceiras, mantendo o empreendedor na governança do negócio”, explica Gruell. Ele acrescenta que os investimentos neste setor são “uma boa notícia” para os clientes e o ecossistema de comércio eletrônico na região.

O executivo acredita que a abordagem da Valoreo a diferencia ao permitir que a empresa “crie mais valor de longo prazo em tecnologia, cadeia de suprimentos, recursos comerciais e de marketing, entre outros”.

O negócio agregador de marcas

O negócio da Valoreo é adquirir, operar e dimensionar marcas que vendem online, com foco em marketplaces como Amazon e Mercado Livre. Ao fazer isso, Stefan Florea explica que eles apoiam os empreendedores locais e oferecem um retorno lucrativo para as empresas, ao mesmo tempo em que dão a certeza de que suas marcas “estão em boas mãos”.

“Usando nossos recursos financeiros e operacionais conseguimos criar valor para essas marcas digitais e transformá-las em marcas líderes na América Latina. Queremos oferecer grande valor aos clientes vendendo ótimos produtos, a ótimos preços, com uma ótima experiência do cliente, e podemos nos beneficiar como empresa capturando parte do valor que criamos na forma de lucro das marcas que operamos”, diz.

A Valoreo não divulga receita. Contudo, Pedro Bousoño, diretor de operações, disse que a empresa vê enormes oportunidades de crescimento, principalmente no que diz respeito à expansão do canal. “Vemos essas oportunidades se materializando nos números, por exemplo, novembro/dezembro, que são os meses mais importantes do ano no varejo, trazendo um crescimento de vendas próximo de 100% ano a ano e superando o desempenho do mercado nas categorias em que atuamos”.

Atualmente, a Valoreo opera no México, Brasil e Colômbia e concluiu a aquisição de mais de 25 marcas locais em várias categorias, incluindo Beleza e Cuidados Pessoais, Crianças, Fitness e Móveis e Decoração. Martin Florea acrescenta que a empresa quer chegar a outros mercados da América Latina. “Nosso objetivo é ser o player de comércio eletrônico mais forte da região e agregar valor significativo aos consumidores, vendedores e ao ecossistema mais amplo”.

A empresa já contratou mais de 200 funcionários e, com isso, Brenda Hernández, Chief People Officer da empresa, considera que tem “uma configuração operacional extremamente forte e adequada ao negócio que a Valoreo tem hoje”. Isso significa que a empresa não prevê um grande aumento no quadro de funcionários para os próximos meses.

Leia também:

Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups