Fala de Powell derruba mercados e impulsiona juros curtos

Investidores passaram a apostar que o fim mais rápido da redução de estímulos poderia levar a um aumento de juros no início de 2022

Bolsas desabam com redução mais rápida de estímulos
30 de Novembro, 2021 | 02:56 PM

Bloomberg Línea — Os mercados de ações desabaram na tarde desta terça-feira após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, admitir que pode adiantar a retirada de estímulos monetários. O presidente do Fed disse que a força da economia e a inflação elevada podem justificar o fim das compras de ativos antes do planejado no próximo ano, embora a nova cepa ômicron da Covid-19 represente um risco adicional para essas perspectivas.

Com o novo posicionamento do dirigente do Fed, os investidores passaram a apostar que o fim mais rápido da redução de estímulos poderia levar a um aumento das taxas de juros já no início do próximo ano, bem antes do que o previsto anteriormente.

  • No mercado de títulos, as taxas mais curtas subiram, enquanto as mais longas cederam. O rendimento dos Treasuries de 2 anos subiu até 8,5 pontos-base, para 0,57%, e sua alta do dia ficou em torno de 13 pontos-base acima da mínima intradiária, segundo a Bloomberg News. O rendimento do título do Tesouro dos EUA de 30 anos caiu até 8 pontos base, para 1,77%, o menor patamar desde janeiro.
  • Os mercados de juros curtos agora mostram cerca de 60 pontos-base de alta nas taxas - mais de dois aumentos de juros de um quarto de ponto - até o final de 2022. Eles vinham mostrando perto de 50 pontos-base até a segunda-feira.

Veja também: Cenários: Redução de estímulos obscurece perspectiva para emergentes

No Brasil, a piora nos mercados internacionais pode levar o Ibovespa a perder a resistência dos 100 mil pontos nos próximos dias.

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  • Nos EUA, o Nasdaq chegou a derreter mais de 2% pouco logo depois da fala de Powell. Pouco depois das 12h45 (14h45 em Brasília), o índice tinha baixa de 1,6%. Na bolsa de Nova York, o índice Dow Jones tinha baixa de 1,7% e o S&P 500, de 1,5%.
  • No Brasil, o Ibovespa acelerou a baixa e operava com perdas de 2,34%, marcando 100.374 pontos. O pessimismo pode levar o principal índice da bolsa brasileira a perder o patamar de 100 mil pontos.
  • No mercado de câmbio, o dólar disparou até R$ 5,67 no início da tarde. Perto das 14h45, estava sendo negociado a R$ 5,63, com alta de 0,7%.
  • No mercado de juros, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2022 saltou de 8,71% para 8,76%, enquanto a do DI para janeiro de 2023 cedeu de 11,88% para 11,87%. Já a taxa para janeiro de 2027 recuou de 11,57% para 11,41%.

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.