Burberry tenta repaginar formato de lojas para atrair cliente abastado

Ações da empresa derreteram até 10% após decepção com remodelagem dos negócios antes da chegada de novo CEO

A criadora do icônico sobretudo e da inconfundível estampa xadrez passa por apuros e busca clientes com maior poder aquisitivo
Por Angelina Rascouet
11 de Novembro, 2021 | 09:26 PM

Bloomberg — As ações da Burberry Group desabaram quando o plano da fabricante britânica de casacos de ganhar mercado perdeu força antes da chegada de um novo CEO.

As ações da empresa caíram até 10%. O aumento de suas vendas com preço total desacelerou para 10% no trimestre encerrado em setembro, depois de mais que dobrar no primeiro trimestre, que, em comparação, foi mais fácil.

A desaceleração frustrou as esperanças de que a empresa já estivesse se reerguendo antes da chegada de Jonathan Akeroyd como CEO em abril. A Burberry está repaginando mais lojas com um design mais sofisticado e afirmou estar tentando reduzir os descontos.

A Burberry está enfrentando um período de transição com Marco Gobbetti, CEO que está deixando o grupo para dirigir a Salvatore Ferragamo. Akeroyd, chefe da Versace, da Capri Holdings, pode ter um desafio ainda maior para tornar a Burberry mais sofisticada do que os investidores pensavam anteriormente.

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“Todos estarão de olho na mudança da liderança”, afirmou Luca Solca, analista da Sanford C. Bernstein.

O que diz a Bloomberg Intelligence

Embora o crescimento de 1% nas vendas correspondeu ao nível do primeiro trimestre, o aumento de 18% nos preços totais é mais lento e menos positivo do que os 26% do trimestre anterior, dando ao novo CEO Jonathan Akeroyd bastante dor de cabeça quando ele assumir o cargo em abril. A recuperação dos lucros e o fluxo de caixa estão acelerando, permitindo uma restituição de dividendos e o reinício de uma recompra de ações de 150 milhões de libras.

-- Deborah Aitken, analista de bens de luxo de BI

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A empresa abriu uma loja na Sloane Street, em Londres, em julho, projetada pelo arquiteto Vincenzo de Cotiis, com um andar térreo semelhante a uma galeria que serve de pano de fundo para as coleções. Quinze lojas mudaram para esse formato, incluindo várias na China e na Coreia do Sul. A Burberry afirmou que decidiu acelerar a mudança, esperando ter 50 lojas com design mais sofisticado até o final do exercício fiscal.

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Burberry se junta à Gucci, da Kering, na publicação de resultados que sofreram com as recentes restrições devido ao vírus na China. Os analistas também estão preocupados que a meta recente de reduzir a diferença entre ricos e pobres na segunda maior economia do mundo – uma política conhecida como “prosperidade comum” – atinja a demanda do consumidor por bolsas de luxo e produtos de moda.

“Amplos lockdowns regionais e condições climáticas extremas afetaram nosso desempenho, principalmente em agosto”, disse a Burberry. As restrições devido ao vírus na China levaram a uma queda nas compras presenciais em agosto, mas a Burberry afirmou ter visto uma “boa recuperação” em setembro.

A empresa também declarou que está retomando a recompra de ações e planeja adquirir 150 milhões de libras (US$ 201 milhões) em ações.

O lucro operacional ajustado no semestre encerrado no final de setembro chegou a 196 milhões de libras. A Burberry disse que está confortável com as expectativas do mercado para o ano corrente e está mantendo sua “orientação de médio prazo rumo a um alto crescimento nas receitas e um aumento significativo da margem”.

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A Burberry abriu uma loja no novo formato em Xangai em 11 de novembro, coincidindo com o feriado do dia de solteiros na China.


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