Bolsa e dólar sobem com tensão no exterior e incertezas fiscais em Brasília

Mercados locais e externos tiveram dia volátil; dólar ficou acima dos R$ 5,40, mas taxas de juros recuaram após presidente do BC sinalizar maior tranquilidade com situação fiscal

Na cena local, indefinição sobre reforma do imposto de renda ainda preocupa
19 de Agosto, 2021 | 06:14 PM

São Paulo — Após uma sessão volátil nesta quinta-feira (19), o Ibovespa encerrou o dia em alta, assim como o dólar, que ficou acima dos R$ 5,40, com fatores externos e locais preocupando o investidor

  • Na bolsa, o movimento refletiu os ganhos em alguns dos principais índices de Nova York, que apresentaram bastante volatilidade ao longo do dia mas fecharam em alta. Lá, os investidores avaliaram os dados de seguro-desemprego positivos, as sinalizações do Federal Reserve na véspera e os riscos contínuos impostos pela disseminação da variante Delta da Covid-19. Por aqui, a queda vista na maior parte da sessão foi impulsionada também pelas perdas na Vale (VALE3), mas foi compensada com ganhos em tecnológicas e empresas de energia
  • No câmbio, a instabilidade nos mercados globais somou-se as persistentes incertezas fiscais e políticas domésticas, com o risco de que a reforma do Imposto de Renda não seja aprovada na Câmara em seu formato atual, além dos temores do possível pedido de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Jair Bolsonaro. O movimento do dólar acabou influenciando as taxas dos juros futuros, que reduziram suas perdas, também refletindo a sinalização do presidente do Banco Central de maior tranquilidade em relação a situação fiscal do país.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA registraram queda pela quarta semana consecutiva, sugerindo que as condições do mercado de trabalho estão melhorando à medida que a economia se recupera.

Os registros apresentaram queda de 29.000 para 348.000 na semana encerrada em 14 de agosto, o menor nível da pandemia, segundo dados do Departamento do Trabalho americano. Economistas em uma pesquisa da Bloomberg estimavam um declínio para 364.000.

  • Câmbio: Perto do fim da sessão, o dólar operava em alta de 0,64%, a R$ 5,4143
  • Bolsa: O Ibovespa subiu 0,45%, a 117.164 pontos. Lideravam os ganhos em pontos B3 (B3SA3), Ambev (ABEV3) e Weg (WEGE3). As ações da Vale (VALE3), Itaú (ITUB4) e CSN (CSNA3) foram destaques negativos
  • Destaques da bolsa: A Justiça Federal de Minas Gerais negou o pedido dos promotores do estado de Minas Gerais de arresto de R$ 50,7 bilhões da Vale e da BHP, informou o G1. A decisão foi do juiz Adilon Cláver de Resende da 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, que considerou a medida como “inoportuna” e de efeito negativo para todos os lados
  • Juros: As taxas dos DIs reduziram suas perdas, com os riscos fiscais no radar. A taxa para janeiro de 2022 fechou estável em 6,72%. Já a taxa para janeiro de 2025 passou de 9,87% para 9,70% e a para janeiro de 2027 caiu de 10,32% para 10,15%.
  • Bitcoin: No final do dia, a criptomoeda operava em alta de 3,52%, a US$ 46.571
  • Exterior: Em Nova York, o Dow Jones caiu 0,19%, o S&P500 subiu 0,13% e o Nasdaq 0,11%

LEIA TAMBÉM

Igor Sodré

Jornalista com formação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com experiência na cobertura de cultura e economia, tendo como foco mercado financeiro e companhias. Passou pela Bloomberg News e TradersClub.