Ibovespa surfa com exterior ameno, Copom e trimestre de ouro da Petrobras

Porta aberta pelo Banco Central para mais uma alta de juros impulsiona setor financeiro, enquanto papéis da petroleira sobem com balanço e antecipação de dividendos

Ações da Petrobras e da Vale
05 de Agosto, 2021 | 10:59 AM

São Paulo — O Ibovespa se recuperava do tombo da véspera, com as ações da Petrobras liderando o pregão desta quinta-feira (5) após a companhia divulgar resultados melhores que o esperado para o segundo trimestre e anunciar a antecipação do pagamento de dividendos a acionistas. Já o câmbio e a curva de juros surfavam no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que deixou a porta aberta para mais uma alta de um ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião de setembro.

  • O Ibovespa subia 1,22%, perto das 10h20, liderado pelos papéis ordinários e preferenciais da Petrobras, que disparavam mais de 8% no início das negociações
  • PetroRio (PRIO3), subia +3,29% e acompanhava o desempenho da petroleira, enquanto a seguradora SulAmérica (SULA3) avançava 2,9%, seguindo a alta nos juros
  • Banco do Brasil (BBAS3) também avançava após o balanço divulgado na véspera, com alta de 1,88%. O banco registrou lucro líquido ajustado de R$ 5 bilhões, alta de 52,2% em relação ao mesmo período do ano passado e 2,6% em relação ao trimestre anterior
  • Na outra ponta, as mineradoras e siderúrgicas brasileiras caíam, após as fortes altas da véspera na esteira de resultados do segundo trimestre. Lideravam as perdas: CSN (CSNA3), com queda de 3,76%, Vale (VALE3), 3,55% e Gerdau (GGBR4), 2,12%

O bom humor do mercado brasileiro também seguia o maior apetite ao risco vindo do exterior, com as bolsas americanas abrindo em leve alta após as fortes quedas da véspera. Os pedidos iniciais por seguro-desemprego dos EUA vieram em linha com o esperado na manhã de hoje, com 385 mil novas solicitações na última semana, tirando parte da cautela que figurava no início do dia e que manteve os futuros próximos ao zero a zero.

Câmbio e juros

Voltando ao Brasil, a curva de juros subia em bloco, seguindo a decisão do BC que levou a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano, com o objetivo de tentar conter a alta de preços que se espalha pela economia e ameaça romper a meta de inflação de 3,5% em 2022. Foi a maior alta de juros feita pela autoridade monetária de uma só vez desde 2003.

  • Segundo Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos, o BC se vê “correndo atrás da curva” de juros. “O mercado de juros antecipou a alta e está ditando o ajuste do Copom. O comunicado deixa claro um novo aumento de 1 ponto de juros com mais um novo aumento de 1 ponto. As expectativas de juros para dezembro vão aumentar após essa ata”, disse.
  • Já Pietra Guerra, analista da Clear Corretora, aponta que a alta dos juros aumenta o prêmio para quem investe no Brasil, o que tende a atrair mais investidores estrangeiros e ajuda a fortalecer o real. Nesta quinta, a moeda caía 1,08% em relação ao dólar americano, a R$ 5,113.
Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.