(Bloomberg) -- Temores sobre a propagação da variante delta do coronavírus levaram operadores a reduzir as apostas em aumentos dos juros pelo Federal Reserve, antecipando que as condições econômicas podem continuar a exigir uma política monetária ultrafrouxa.
Operadores de derivativos do mercado monetário adiaram as expectativas sobre quando o Fed deve elevar os juros, agora perto de zero, para março de 2023. Na sexta-feira, o aumento era esperado para janeiro daquele ano. As apostas para o nível das taxas de juros a partir de junho de 2024 caíram cerca de 18 pontos-base na segunda-feira, o que afasta a probabilidade de elevação dos juros no médio prazo.
O recuo coincide com a queda dos rendimentos dos Treasuries: os yields dos títulos de 10 anos caíam pelo quinto dia consecutivo na terça-feira, para 1,15%, o menor nível desde fevereiro. O movimento ecoou pela Europa, onde os rendimentos dos títulos alemães de 10 anos atingiram o menor patamar em cinco meses. Até mesmo os títulos da Itália e da Grécia, cujas que possuem umas maiores cargas de dívida, se beneficiaram à medida que alguns investidores buscaram títulos de maior rendimento.
O aumento dos casos de Covid-19 apesar da ampla vacinação em alguns países reduziu o apetite por risco de investidores, que esperam uma nova onda de restrições à atividade econômica.
Embora permaneça a previsão de que o Fed está a caminho de reduzir o estímulo e aumentar os juros no início do próximo ano, “o compromisso implícito pode estar diminuindo, dada a resposta dos investidores aos recentes eventos da Covid”, escreveu em relatório Ian Lyngen, estrategista da BMO Capital Markets.
“No caso de estarmos vendo a transição de uma história de crescimento de longo prazo para um adiamento do aperto do Fed, isso poderia servir para moderar os ganhos” da dívida dos EUA de 10 e 30 anos, acrescentou.
As apostas em aumentos dos juros mais rápidos do que o esperado ganharam força nos últimos meses. Estrategistas de Wall Street como Morgan Stanley e Citigroup chegaram a sugerir que o mercado havia subestimado o ritmo das ações do Fed.
As apostas de que o Banco da Inglaterra vai subir os juros também foram reduzidas em forte ritmo na segunda-feira, dia em que o governo relaxou ainda mais as restrições relacionadas à pandemia. Com isso, o primeiro aumento de 15 pontos-base agora é previsto para agosto de 2022 em vez de maio, mas, ainda assim, o BOE pode ser mais rápido do que o Fed ao elevar os juros antes.
Enquanto isso, o Banco Central Europeu deve ajustar a orientação futura em sua reunião de política monetária na quinta-feira, após o resultado da revisão de estratégia neste mês. As decisões sobre a compra futura de títulos devem ser adiadas até que as perspectivas econômicas fiquem mais claras, segundo pesquisa da Bloomberg com economistas.
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