Pequim fica deserta com escalada de novos casos de coronavírus

Desta vez, autoridades chinesas foram orientadas a evitar colocar cidades sob lockdown e realizar exercícios de teste em massa; bolsas não refletem ainda agravamento

Áreas públicas de Pequim estão desertas depois de novas restrições impostas pelas autoridades diante do aumento do número de casos de covid
Por Bloomberg News
25 de Novembro, 2022 | 11:19 AM

Bloomberg — As ruas de Pequim estão desertas e os serviços de entrega de alimentos e outros produtos de necessidade diária estão perto do limite, em meio ao salto dos casos de coronavírus que tem forçado autoridades a decretarem restrições semelhantes a lockdowns em algumas áreas da capital chinesa.

A cidade registrou 1.854 novas infecções somente na quinta-feira (24) em comparação com 1.611 no dia anterior, enquanto o número de novos casos no país atinge níveis recordes.

As informações são acompanhadas com atenção por investidores, dado que as restrições na segunda maior economia do mundo potencialmente afetam diferentes países e ativos, incluindo o Brasil.

Apesar do agravamento do quadro, os reflexos nas bolsas ainda não são evidentes. Nesta sexta (25), o principal índice de Xangai subiu 0,40%, enquanto o de Hong Kong teve queda leve de 0,49%.

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Embora o estoque de alimentos seja abundante, aplicativos de entrega como o Freshippo, do Alibaba – conhecido como Hema em chinês –, e o Sam’s Club, do Walmart, estão sobrecarregados com residentes sem poder sair de casa. Supermercados em Chaoyang, o maior distrito de Pequim, não aceitam mais pedidos de entrega. Muitos restaurantes interromperam até o serviço de retirar pedidos no local.

O salto em relação a menos de 100 casos diários há quinze dias intensificou os controles e restrições na cidade de 22 milhões de habitantes. Quase todos os distritos foram submetidos a lockdowns implementados aos poucos, geralmente em um conjunto de apartamentos, e moradores foram orientados a não deixar Pequim, a menos que seja necessário.

No entanto as restrições têm sido implementadas de maneira discreta. Autoridades se comunicam por meio de comitês de bairro e grupos do WeChat, em vez de ordens formais e mais abrangentes.

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A abordagem vem na esteira de um novo manual para a covid com 20 recomendações lançado há duas semanas para combater a doença, em que autoridades chinesas foram orientadas a evitar colocar cidades inteiras sob lockdown e realizar exercícios de teste em massa, entre outras mudanças.

No entanto aderir às novas diretrizes dos principais líderes do país se mostrou difícil em meio aos casos crescentes e a variantes mais contagiosas do coronavírus.

Enquanto isso, a capital da China começa a se transformar em uma espécie de cidade fantasma. Ruas antes entre as mais movimentadas agora estão praticamente desertas, mesmo na hora do rush. O número de passageiros no sistema de metrô caiu mais de 64% na semana até quarta-feira (23) em comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com análise de dados da Bloomberg News.

Como ruas, escolas e instalações foram fechadas em vários distritos de Pequim, os alunos foram orientados a retornar às aulas online. A maioria dos locais públicos, como cinemas e shopping centers, está fechada, enquanto alguns parques públicos estão abertos com apenas 50% da capacidade.

Há sinais de que algumas autoridades têm implementado medidas mais rigorosas, típicas da abordagem de covid zero anteriormente adotadas. Algumas parecem destinadas a desincentivar o deslocamento sem recorrer a um lockdown oficial.

Moradores do distrito de Fangshan, no sudoeste de Pequim, foram informados de que vários testes de PCR seriam necessários para se deslocar entre os distritos. Se uma pessoa viaja para trabalhar de Fangshan, por exemplo, precisaria realizar três testes ao longo de três dias ao retornar, de acordo com um aviso compartilhado com residentes de um conjunto habitacional visto pela Bloomberg News.

Alguns moradores do distrito de Daxing, no sul da cidade, precisam mostrar uma carta de seus empregadores e assinar uma nota comprometendo-se a ir apenas aos escritórios se quiserem voltar ao trabalho presencial, e também devem assinar outra carta se quiserem ir ao supermercado.

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Além disso, todos os viajantes que chegam a Pequim vindos de outras regiões da China já são obrigados a fornecer um resultado negativo do teste de PCR nas 48 horas anteriores antes de poderem entrar em locais públicos ou andar de ônibus.

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