Bloomberg — As maiores empresas de tecnologia apostam em um futuro movido pela inteligência artificial, sustentado por gigantescos data centers repletos de servidores em pleno funcionamento.
Com o custo exorbitante desta iniciativa mais evidente, isso tem testado os nervos em Wall Street.
Três referências de diferentes áreas do mundo da tecnologia – Alphabet, Meta e Microsoft — juntas acumularam cerca de US$ 78 bilhões em despesas de capital no último trimestre. Isso representa um aumento de 89% em relação ao ano anterior.
A maior parte desses recursos foi destinada à construção de data centers e à aquisição de unidades de processamento gráfico e outros equipamentos para operá-los.
Cada uma dessas empresas elevou suas previsões de gastos futuros. Isso foi suficiente para abalar os investidores já acostumados a esperar cifras elevadas.
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As ações da Meta caíram 8,3% e as da Microsoft recuaram 2,7% no início do pregão desta quinta-feira (30), após as empresas divulgarem os investimentos em seus relatórios financeiros trimestrais.
A Meta alertou que as despesas de 2026 seriam “notavelmente maiores” do que as de 2025.
Embora os investidores do Google tenham recebido o aumento de capital com relativa tranquilidade, o que fez com que as ações subissem mais de 7% nas negociações pré-mercado, o conjunto de três balanços reacendeu dúvidas sobre a possível formação de uma bolha.
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Em uma teleconferência com executivos da Microsoft, o analista da Bernstein, Mark Moerdler, perguntou se a empresa estava confiante de que os investimentos em IA dariam retorno. “Ou, francamente, estamos em uma bolha?”
A diretora financeira da Microsoft, Amy Hood, reiterou que a empresa não pode atender à demanda atual para IA e outros serviços, mesmo depois de gastar dezenas de bilhões de dólares nos últimos trimestres.
“Pensei que iríamos alcançar”, disse. “Mas não vamos. A demanda está aumentando. E não está aumentando em apenas um lugar. Está aumentando em vários lugares.”
A Microsoft ajudou a impulsionar o boom da inteligência artificial ao apoiar a OpenAI com um investimento de US$ 13 bilhões. E a expansão dos data centers da gigante do software é vista como fundamental para manter a liderança no campo da IA.
Ainda assim, a empresa surpreendeu os investidores ao registrar um recorde de US$ 34,9 bilhões em despesas de capital durante o trimestre encerrado em setembro.
A divisão de computação em nuvem Azure — principal veículo da Microsoft para recuperar esses investimentos — viu sua receita continuar com crescimento em ritmo acelerado, mas praticamente na mesma proporção do trimestre anterior. Uma taxa de crescimento mais alta teria proporcionado mais segurança de que o investimento excessivo valeria a pena.
O Google, da Alphabet, apresentou uma perspectiva mais animadora.
A empresa afirmou que seu assistente de IA Gemini agora conta com 650 milhões de usuários ativos mensais, um aumento de 44% em relação a três meses atrás.
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Além disso, a plataforma de nuvem do Google fechou mais contratos bilionários nos primeiros nove meses de 2025 do que nos dois anos anteriores, afirmou a diretora financeira Anat Ashkenazi em uma teleconferência com analistas.
A receita com serviços em nuvem aumentou 34%, para US$ 15,2 bilhões, acima da estimativa de US$ 14,8 bilhões.
Mas as despesas do Google também estão crescendo. A empresa espera que as despesas de capital cheguem a US$ 93 bilhões este ano, acima da estimativa anterior de US$ 85 bilhões, disse Ashkenazi. Para o próximo ano, ela prevê um “aumento significativo” nesses números.
Os investidores terão uma visão mais clara do setor de computação em nuvem nesta quinta-feira, quando a líder de mercado Amazon deve publicar os resultados financeiros. A Apple também deve divulgar seus números trimestrais nesta quinta-feira.
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