Guerra do delivery: 99Food chega a São Paulo e prevê investir R$ 500 milhões neste ano

Após realizar testes em Goiânia, divisão de delivery da 99 volta a operar na capital paulista com 20 mil estabelecimentos, 50 mil motociclistas e promessa de isenção de mensalidades para restaurantes

A retomada da divisão, que havia fechado as portas em 2022, faz parte da nova empreitada da DiDi, a holding chinesa controladora da 99, com investimentos de R$ 1 bilhão apenas para o ano de 2025
12 de Agosto, 2025 | 01:19 PM

Bloomberg Línea — A 99Food, divisão de delivery da 99, anunciou o seu retorno a São Paulo nesta segunda-feira (12). Os usuários da região metropolitana já encontram uma aba adicional no app para fazer pedidos em bares e restaurantes.

A base de oferta começa com 20 mil estabelecimentos cadastrados e 50 mil motociclistas, de acordo com a 99. O retorno da companhia ao delivery é marcado por um forte discurso contra o monopólio, referência à liderança do iFood no setor, e por isenções de taxas e de mensalidades aos restaurantes.

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São Paulo é o segundo estado em que a 99Food começa a operar, após um período de testes e validação em Goiânia, em Goiás.

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“Nós acreditamos que vamos expandir rapidamente para mais cidades. A nossa meta é chegar em meados do ano que vem com presença em mais de 100 cidades”, disse Simeng Wang, diretor geral da 99, em evento de lançamento na capital paulista.

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Do valor de R$ 1 bilhão prometido em investimentos para este ano pela Didi, a controladora chinesa da 99, R$ 500 milhões serão direcionados para a operação em SP.

Os recursos serão direcionados para desenvolvimento tecnológico, cupons de descontos e para a pagamentos e bonificações aos entregadores parceiros.

No lançamento, os usuários terão acessos a vouchers que somam R$ 99,00. Aos motociclistas na capital, empresa começa com uma promoção mensal que garante R$ 400 diários a quem fizer 15 corridas.

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“Precisamos ver esse mês para desenhar melhor a estratégia para que eles tenham ganho depois”, explicou o executivo.

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Em cidades em que é permitido o transporte de pessoas por motociclistas, a 99 trabalha com um modelo que garante ao profissional diárias de R$ 250,00 ao combinar 15 corridas com passageiro e 5 viagens de delivery.

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“Nós iremos continuar trabalhando para conseguir oferecer a multimodalidade”, disse Wang.

A plataforma da 99 conta hoje com uma base de mais de 700 mil motociclistas que atuam em mais de 3.300 cidades brasileiras, seja com entregas ou transporte de passageiros.

As movimentações da 99 ocorrem em um momento de acirramento da disputa no delivery nacional. A colombiana Rappi, no país desde 2017, anunciou R$ 1,4 bilhão em dinheiro novo para reforçar a operação local. E a Meituan, uma gigante chinesa de delivery, deve começar a operar nos próximos meses no Brasil, com R$ 5,6 bilhões para aportar no país a partir da bandeira Keeta.

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Modelo 99Food

A 99Food retorna ao mercado de São Paulo com um apelo de isenção de cobrança de mensalidade e de comissão. As cobranças aos estabelecimentos ficaram restritas à taxa de delivery, de 4,5%, e de processamento de pagamento, em 3,2%.

Esses benefícios foram disponibilizados a bares e restaurantes que se registraram, e se aplicam de 12 a 24 meses, a depender do período em que foi feito o cadastro na plataforma da 99Food.

De acordo com Wang, a queima de caixa inicial dessa retomada parte de uma visão de que o negócio se sustenta pelo ganho de escala, e não por pesar a mão em taxas.

“Nós acreditamos que a plataforma precisa ter baixa margem, é uma indústria de escala. Quando fazemos mais pessoas pedirem delivery, a indústria vai crescer e a receita vai vir mesmo que com menos margem”, diz o executivo.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark