Bloomberg — A fintech mexicana Stori aposta que pode estar pronta para uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em 24 meses, depois de alcançar uma lucratividade sustentável este ano, disse o CEO, Bin Chen.
A Stori registrou lucro líquido de 21,4 milhões de pesos mexicanos (US$ 1,1 milhão) este ano até o final de junho, em parte impulsionado por créditos de pagamentos antecipados de impostos.
A receita anualizada chegou a US$ 300 milhões, um aumento de 80% em relação ao ano anterior, disse Chen em uma entrevista à Bloomberg News.
A empresa oferece cartões de pagamento, empréstimos pessoais e contas de depósito com juros altos no México, com foco na população sem conta bancária.
“Somos os primeiros no mercado a atingir essa meta sustentável de proporcionar inclusão financeira”, disse Chen.
“Não é fácil. Você precisa descobrir como atender aos clientes, oferecer-lhes um produto excelente e, ao mesmo tempo, administrar, em comparação com o nosso segmento do setor, empréstimos inadimplentes mais baixos.”
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A Stori alega ter uma taxa de aprovação de 99% para seu cartão de crédito, como parte de sua estratégia de visar consumidores de média e baixa renda.
Com 3,7 milhões de usuários atualmente no México, a empresa espera estar pronta para um IPO já no final de 2026.
Caminho para a lucratividade
No México, apenas cerca de um terço dos adultos tem crédito formal e o dinheiro físico ainda lidera entre os métodos de pagamento, com mais de 70% dos adultos usando-o para transações diárias, de acordo com dados do governo.
O direcionamento para o segmento de baixa renda é inerentemente acompanhado de riscos. Cerca de 23% dos empréstimos estavam inadimplentes em junho.
Ainda assim, Chen disse que, para esse segmento, a Stori está “se saindo muito melhor do que a média do mercado”.
O retorno ajustado ao risco sobre os ativos - uma medida do retorno líquido que um credor gera depois de contabilizar as perdas de crédito - é de 10% em uma base anualizada, disse ele.
Deixando de lado seus ativos fiscais, a Stori registrou um prejuízo operacional de 272 milhões de pesos no primeiro semestre do ano. Mas esse déficit diminuiu em cerca de 1 bilhão de pesos em relação ao ano anterior, e está melhorando a cada mês, disse Chen. Ele previu que a empresa começará a registrar lucros operacionais no final deste ano.
A empresa usa a computação em nuvem, juntamente com a inteligência artificial em subscrição, atendimento ao cliente e marketing, para reduzir os custos de atendimento aos clientes em mais de 35% no último ano.
O progresso ocorre em um momento de intensa concorrência entre fintechs no México. A Stori disputa os mesmos consumidores sem conta bancária que o Nubank e o Mercado Livre, empresas de capital aberto que têm investido agressivamente no mercado mexicano.
“Até o momento, as fintechs no México ainda não atingiram um nível sustentável de lucratividade devido a uma combinação de subscrição mais arriscada do que o esperado e despesas operacionais que permanecem teimosamente altas”, disse Gilberto Garcia, chefe de inteligência da empresa de consultoria Miranda Partners.
Os dados compilados pela Miranda mostram os concorrentes Nubank e Klar com índices de inadimplência de 20,8% e 26,8%, respectivamente, em junho, destacando o difícil ambiente de crédito no país.
Também mostram que a Stori tem o índice mais saudável de empréstimos em relação aos depósitos entre as três empresas.
Carência de IPOs
A Stori foi cofundada por Chen e Marlene Garayzar, Sherman He, Nick Chen e GY Liu em 2018. A empresa levantou US$ 280 milhões em rodadas Série C em 2021 a 2024.
A última vez que divulgou seu valuation foi de US$ 1,2 bilhão em 2021. A empresa não prepara ativamente outra rodada, disse Chen.
Os investidores da empresa incluem Notable Capital, BAI Capital, GGV Capital, General Catalyst e Tresalia Capital, o family office da bilionária mexicana Maria Asuncion Aramburuzabala.
Um IPO interromperia um período de seca de ofertas de startups na América Latina. A última grande oferta inicial de ações de uma startup apoiada por venture capital na região foi a do Nubank, com sede em São Paulo, em 2021, de acordo com a CB Insights.
A Stori, que no ano passado lançou operações na Colômbia, ainda avalia quando lançar uma “jogada maior” lá, disse Chen, com o foco permanecendo na expansão das operações no México.
“Haverá momentos em que optaremos por investir mais agressivamente no crescimento”, disse ele. “Se crescermos muito rápido, poderemos ter uma queda temporária na lucratividade por alguns meses, mas nunca deixaremos que isso seja uma grande lacuna.”
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