Bloomberg — Maior empresa de saneamento da América Latina, a Sabesp passou o primeiro ano pós-privatização renegociando débitos para tornar o endividamento da empresa mais saudável em meio a um cenário de juros de dois dígitos, no maior nível em quase 20 anos.
A empresa reduziu o custo médio da dívida enquanto aumentou o prazo, o chamado duration, disse o CFO Daniel Szlak em entrevista à Bloomberg News.
“Abrimos linhas de captação que estavam um pouco dormentes”, disse ele. “Eu não posso dizer que não há espaço para mais, mas de modo geral aproveitamos o que dava para fazer no curto prazo.”
Ele citou, entre outros, a renegociação de termos com organismos multilaterais, novas linhas, com taxas menores, de crédito com o International Finance Corporation e uma janela favorável de câmbio para trocar dívidas em moeda estrangeira.
A alavancagem permaneceu estável, com uma relação dívida líquida/Ebitda de 1,7 vezes no primeiro trimestre, ante 1,8x nos três meses anteriores.
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Essa proporção deve aumentar nos próximos meses, com o aumento dos investimentos anuais da Sabesp (SBSP3) para atingir a meta — estabelecida em sua privatização no ano passado — de levar água e esgoto a pelo menos 90% da população dos 375 municípios sob seus serviços, a chamada universalização do saneamento básico, fixada em lei.
A empresa também considera concorrer a mais contratos que devem ser leiloados pelo estado de São Paulo no próximo ano.
Embora a concessionária não forneça guidance, analistas preveem que a alavancagem atingirá um pico de cerca de 2,5 vezes nos próximos anos.
Szlak afirmou que, embora a empresa precise captar mais recursos no curto prazo para cobrir seus investimentos, ela deve ter caixa disponível, uma vez que o pagamento de dividendos é limitado contratualmente nos primeiros anos da privatização. “A companhia vai ficar empossada em caixa, é difícil a alavancagem subir muito”, disse ele.
A Sabesp divulgou na segunda-feira (12) um nível de despesas de capital, o chamado capex, de R$ 2,85 bilhões no primeiro trimestre, mais que o dobro do mesmo período de 2024.
O Ebitda ajustado aumentou 17% em relação ao ano anterior, para R$ 3 bilhões. Os resultados refletem principalmente melhorias operacionais e controle de custos administrativos e de pessoal, de acordo com um release. Um programa de demissão voluntária ainda está surtindo efeitos e deve ter seu impacto total nos números em junho, de acordo com Szlak.
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