Petrobras estuda voltar ao varejo de combustíveis para conter preços, diz fonte

Estatal vai discutir o assunto em reunião do conselho nesta semana, quatro anos após sair do negócio na Vibra Energia (ex-BR Distribuidora), disse uma fonte à Bloomberg News; presidente Lula reclama que queda nas refinarias não chega aos postos

Estatal deixou sua presença na venda de combustíveis no varejo com a venda completa de sua participação na BR Distribuidora, hoje Vibra Energia
Por Mariana Durao
17 de Julho, 2025 | 06:31 AM

Bloomberg — A Petrobras considera um retorno às vendas de combustível no varejo depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o principal executivo da empresa petrolífera controlada pelo Estado reclamaram dos altos preços nas bombas.

Quatro anos depois de sair do negócio, agora conhecido como Vibra Energia (VBBR3), o conselho de administração da Petrobras (PETR#, PETR4) se reunirá nesta semana para discutir a alteração do plano estratégico da empresa para incluir uma presença no setor de varejo, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto que falou com a Bloomberg News e que pediu para não ser identificada para discutir assuntos privados.

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Não está claro se essa medida envolveria a tentativa de renacionalizar totalmente a Vibra ou a compra de uma participação na operadora de lojas de conveniência e distribuidora de combustíveis para cozinha e outros produtos de petróleo.

A proposta a ser discutida para o plano estratégico 2026-2030 posicionaria a Petrobras como uma empresa de energia diversificada e integrada, disse a pessoa.

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A Vibra teve seu processo de privatização iniciado em 2017 no governo de Michel Temer e concluído em 2021 no mandato de Jair Bolsonaro, com Paulo Guedes.

O escritório de relações com a mídia da Petrobras não quis comentar.

Lula reclamou que os cortes de preços da Petrobras no atacado para gasolina, diesel e outros produtos não chegaram aos consumidores no varejo. Ele culpou os postos de abastecimento e os impostos estaduais pelas disparidades.

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“Não é possível que a Petrobras anuncie um desconto tão grande no diesel e que esse desconto não chegue ao consumidor”, disse Lula no início deste mês ao anunciar investimentos em refinarias. “Mesmo quando a Petrobras reduz o preço, muitos postos de gasolina não o fazem.”

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Lula também disse que a privatização criou várias camadas no sistema de distribuição que resultam em preços mais altos para os consumidores.

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“A Petrobras hoje libera um botijão de gás de 13 quilos por 37 reais e ele chega à casa de um pobre por 140 reais”, disse Lula no evento do início de julho.

O controle estatal dos pontos de venda permitiria uma entrega mais eficiente do combustível, acrescentou.

A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, também expressou preocupação com o fato de os postos de abastecimento não estarem repassando as economias de custo no atacado para os consumidores.

A Procuradoria Geral da República do Brasil solicitou recentemente uma investigação sobre práticas anticoncorrenciais nos preços dos combustíveis, após analisar evidências de que os distribuidores e varejistas não estão repassando as reduções de preços no atacado.

A Vibra tem um contrato de marketing para usar a marca Petrobras até meados de 2029. A gigante do petróleo notificou a Vibra no ano passado que não estava interessada em renovar a licença nos termos atuais.

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