Ornare acelera expansão com projetos assinados em novos edifícios de alto padrão

Em entrevista à Bloomberg Línea, cofundadora Esther Schattan e diretor comercial Pitter Schattan estimam aumento de 30% no VGV de empreendimentos que levaram assinatura da marca de mobiliário de luxo, em nova avenida de crescimento

Retrofit de quarto 202 Hotel Unique, em projeto liderado pelo arquiteto João Armentano com participação da Ornare em todas as unidades (Foto: Raquel Toth/Divulgação)
28 de Setembro, 2025 | 11:09 AM

Bloomberg Línea — Prestes a completar 40 anos, a brasileira Ornare se especializou em um segmento pouco explorado por marcas globais no alto padrão: o mobiliário de luxo sob medida, que engloba desde armários planejados a estantes, portas e painéis.

“Quando fundamos a empresa, as opções que existiam para o mobiliário eram marcenaria ou móveis modulares tradicionais. Nós fomos atrás do design e, até hoje, segundo sabemos, somos únicos no mundo nessa proposta”, disse Esther Schattan, sócia-fundadora da Ornare, em entrevista à Bloomberg Línea.

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Esther fundou a companhia em 1986, ao lado do marido, Murillo Schattan.

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Para marcar a aproximação das quatro décadas da marca, a Ornare tem reforçado o ritmo de crescimento, com apetite que abrange modernização da fábrica, abertura de dois a três novos showrooms por ano e a entrada no mercado imobiliário com a assinatura de empreendimentos de alto padrão.

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O primeiro projeto assinado da marca foi o Autoria by Ornare, da incorporadora goiana O.M., lançado em 2024. “Já havíamos feito projetos inteiros para outros edifícios, mas nunca assinado”, afirmou Pitter Schattan, filho mais velho de Esther e diretor comercial da Ornare, durante a mesma entrevista.

Esther e Murillo Schattan fundaram a Ornare em 1986; hoje seus dois filhos ocupam cargos de diretoria na empresa | Da esquerda para a direita: Stefan, Esther, Murillo e Pitter Schattan

A mudança aproveitou uma nova tendência para o mercado imobiliário brasileiro, que abraçou os projetos assinados nos últimos anos como um diferencial relevante na comercialização de empreendimentos de alto padrão.

A sugestão de assinatura da Ornare partiu da O.M., que enxergou uma oportunidade no mercado da cidade: Goiânia tinha recebido no mesmo ano dois lançamentos assinados pelo Pininfarina (escritório famoso pelo design de carros para a Ferrari).

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A Ornare embarcou no movimento e vai expandir a frente de assinatura de empreendimentos imobiliários com dois novos projetos em 2025: o Ilha Pura by Ornare, no Rio de Janeiro, realizado em parceria com o BTG Pactual, e o Next Itaim by Ornare, em São Paulo, da Next Incorporadora.

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Com seis torres, o empreendimento do BTG foi lançado em junho e é o maior até agora já assinado pela marca, com VGV de R$ 938 milhões. O Next, que deve ser lançado no final do ano, tem projeção de R$ 98 milhões em VGV.

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Já o valor geral de vendas (VGV) do empreendimento com da O.M. com a Ornare alcançou R$ 120 milhões.

Pitter calcula que a assinatura da marca elevou o VGV de cada projeto em 30%, além de incrementar a velocidade de vendas em até 50%.

A quantidade de mobiliário do projeto assinado varia a cada iniciativa. Pode abranger closet, cozinha, banheiro e até áreas comuns do prédio.

A estimativa da Ornare é que a nova frente represente 10% do seu faturamento – a empresa não abre números totais da operação.

Internacionalização acelera

Por enquanto, não há planos de levar a frente de assinaturas para fora do país.

Por outro lado, a expansão internacional do core business segue como principal objetivo da Ornare para os próximos anos.

A marca tem, no total, 32 lojas: 17 delas no Brasil, 12 nos Estados Unidos, uma na Europa, em Milão, e outra no Oriente Médio, em Dubai.

Até 2026, a Ornare deve abrir mais quatro showroons internacionais: Washington DC, Boston e Austin, nos Estados Unidos, e Lisboa, em Portugal.

A Arábia Saudita também está na mira após o sucesso do showroom de Dubai.

Com as aberturas, a frente internacional deve passar a responder por 50% das vendas da empresa contra os atuais 35%.

Os cálculos são de Stefan Schattan, filho mais novo de Esther, que está baseado em Milão desde 2023 para reforçar a ambição global da Ornare, e é atualmente o diretor de expansão internacional da marca.

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Apesar do foco recente, a internacionalização não é exatamente uma novidade na Ornare. Esther e o marido Murillo fundaram a empresa em 1986 e, já nos anos 1990, abriram a primeira loja nos Estados Unidos, em Miami.

A falta de concorrentes diretos abriu as portas do mercado internacional para a marca.

Isso porque os grandes nomes do setor de mobiliário de luxo têm foco no segmento de móveis soltos, um portfólio que inclui sofás, camas e poltronas assinados. É o caso de marcas internacionais como Fendi Casa, Natuzzi e Armani/Casa, além da brasileira Artefacto.

“Ainda assim, temos concorrência. Até uma viagem pode ser um concorrente indireto do nosso móvel”, disse Esther.

Todas as entregas são feitas a partir de uma única fábrica em Cotia, na Grande São Paulo. O objetivo é trazer tecnologia e escala para projetos personalizados, à semelhança do que faz a alta costura.

“O grande diferencial está na capacidade de oferecer móveis sob medida de alto padrão de todas as cores, acabamentos e medidas desejados, algo incomum em outros modelos de produção. Desenvolvemos uma logística própria para isso”, afirmou.

“Eu e o Murillo somos engenheiros e trouxemos disso muita inovação. Gavetas que deslizam sem fazer barulho, um detalhe para o topo de cabide que o impede de arranhar, portas que não batem e fecham com suavidade”, exemplificou sobre soluções hoje mais disseminadas, mas que não eram assim quando lançaram.

Recentemente, em outra frente, a Ornare participou do projeto de retrofit do Hotel Unique, em São Paulo, de Ruy Ohtake. A renovação liderada pelo arquiteto João Armentano contou com participação da marca em todas as unidades.

A proximidade dos 40 anos da marca traz ainda um desafio de sucessão.

Os fundadores têm se preparado para deixar a frente operacional nas mãos dos dois filhos, que já estão em cargos de liderança dentro da empresa.

“O plano é migrar ao longo dos anos para o conselho. Mas ainda há muito o que fazer. Vamos contribuir ainda por muito tempo”, disse Esther Schattan.

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