Hopi Hari sai de recuperação judicial e planeja de shopping a hotel em nova fase

Nova controladora Brooklyn International Group prevê investir R$ 280 milhões até 2028 em plano de inclui novas atrações e brinquedos e projetos que possam gerar público recorrente, conta o CVO Nuno Vasconcellos à Bloomberg Línea

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Bloomberg Línea — O Hopi Hari encerrou seu processo de recuperação judicial e planeja investir R$ 280 milhões entre 2026 e 2028 em brinquedos, paisagismo e infraestrutura. O parque temático de Vinhedo, no interior paulista, reduziu sua dívida de R$ 1,4 bilhão para cerca de R$ 600 milhões com a renegociação com credores.

Inaugurado em 1999 com o objetivo de se assemelhar a um parque de padrão internacional, o Hopi Hari foi um sucesso de público por muitos anos, mas enfrentou depois dificuldades com gestões em que o resultado piorou, acidentes com clientes e, finalmente, uma recuperação judicial iniciada em 2016.

Sob nova gestão, o parque que já chegou a receber 1,8 milhão de visitantes ao ano em seu auge busca iniciar um novo ciclo.

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“Nosso objetivo é nos tornarmos o maior parque da América Latina. Vamos melhorar o resultado e temos como meta baixar a dívida pra R$ 300 milhões nos próximos 12 meses”, afirmou à Bloomberg Línea o empresário luso-brasileiro Nuno Vasconcellos, do Brooklyn International Group, controlador indireta do empreendimento.

“A Disney brasileira é o Hopi Hari.”

Vasconcellos ocupa o cargo de CVO (Chief Visionary Officer) do Hopi Hari, posição executiva não estatutária responsável por definir estratégias de longo prazo.

A operação conta ainda com Max Strand como CEO, Oliver Krause como COO e João Bornhausen como CFO. Cada empresa do portfólio da família Vasconcellos tem corpo diretor próprio.

O juiz Fábio Marcelo Holanda, da 1ª Vara de Vinhedo (SP), decretou o encerramento da recuperação judicial em 19 de setembro passado. A decisão reconheceu que o parque cumpriu todas as obrigações previstas no plano durante o período de supervisão entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2024.

A administradora judicial e o Ministério Público se manifestaram favoravelmente pelo encerramento, segundo o documento visto pela Bloomberg Línea.

A sentença destacou que a Lei de Recuperação Judicial permite o encerramento mesmo com pendências de recursos ou habilitações de crédito em curso.

Os investimentos previstos contemplam a aquisição de equipamentos de fornecedores da China, dos Estados Unidos e da Europa. O ano de 2026 marcará mudanças mais visíveis.

“Vamos trazer novos brinquedos e novas atrações”, disse Vasconcellos.

O parque desenvolve projeto de um shopping aberto inspirado no The Grove, de Los Angeles, e no CityWalk da Disney. Os estudos de viabilidade começam em dezembro e têm previsão de dois a três anos para conclusão. O empreendimento aproveitará a rua principal do parque e áreas externas.

A terceira frente de expansão prevê hotéis e apartamentos sobre o estacionamento e em terrenos disponíveis. A execução depende da aprovação do plano diretor pela Prefeitura de Vinhedo, que atualmente limita construções a um ou dois andares na região.

“Para continuarmos a crescer em ritmo acelerado, precisamos atrair visitantes de outras regiões. Para isso, temos que oferecer hospedagem”, afirmou Vasconcellos.

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A meta é atingir 3 milhões de visitantes e R$ 500 milhões de faturamento até 2028-2029, segundo Vasconcellos. O Hopi Hari fechou 2024 com 1,3 milhão de visitantes e faturamento de R$ 210 milhões. Para 2025, a projeção é encerrar o ano com crescimento de 20%, com 1,4 milhão a 1,5 milhão de visitas.

A operação registra margem Ebitda entre 40% e 50%. Em 2024, a margem ficou em 50%. Para 2025, a expectativa é manter cerca de 40%. O ticket médio gira em torno de R$ 163 a R$ 165.

Parcerias com grandes marcas

O parque mantém parcerias com marcas como Coca-Cola, Fanta e cervejarias. Com o encerramento da recuperação judicial, a gestão espera ampliar o número de acordos comerciais.

A anunciada abertura de novos parques na região é vista como oportunidade. A Cacau Show, uma das maiores redes de chocolates do Brasil, prevê inaugurar em 2027 um parque temático, o Cacau Park, em 2027, em Itu, também interior paulista.

A localização considerada estratégica do Hopi Hari, a menos de uma hora dos principais aeroportos paulistas, posiciona o parque no epicentro de uma região com 30 milhões de habitantes e o PIB regional mais alto da América Latina, segundo a controladora.

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O Brooklyn International Group, que detém 99,88% da HH Participações S/A, controladora direta do Hopi Hari, assumiu o empreendimento em 2018 e investiu mais de R$ 100 milhões desde então, segundo Vasconcelos.

O plano de recuperação judicial aprovado em 2022 teve o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como principal credor, com 80% do crédito total. A dívida com o banco, originalmente de R$ 227 milhões, foi atualizada pelo CDI e chegou a quase R$ 400 milhões. Os demais credores aceitaram deságio de 50%.

A controladora estuda uma abertura de capital ou uma operação de fusão e aquisição (M&A) nos próximos quatro a cinco anos, mas descartou a entrada de novos investidores no curto prazo.

“Somos investidores de longuíssimo prazo, não de curto prazo”, afirmou.

Além do Hopi Hari, o portfólio da família Vasconcellos no Brasil inclui investimentos em mídia, principalmente no Rio de Janeiro, e cerca de 1 milhão de metros quadrados para desenvolvimento imobiliário, incluindo um projeto de cemitério vertical no Rio de Janeiro.

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