Bloomberg — A BYD vê a guerra de preços dos veículos elétricos na China como insustentável, de acordo com a vice-presidente executiva Stella Li.
A executiva não chegou a dizer que a maior fabricante de veículos elétricos do país e do mundo reduziria os descontos agressivos que ajudou a desencadear essa disputa.
“É uma concorrência muito acirrada e extrema”, disse Li em uma entrevista à Bloomberg News em Londres.
“Não, não é sustentável”, acrescentou ela, observando que a consolidação em todo o setor é provável à medida que o mercado amadurece.
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Os comentários de Li destacam a tensão crescente no superaquecido mercado de veículos elétricos da China, onde uma enxurrada de novos participantes e cortes profundos nos preços, muitos liderados pela BYD, corroeram as margens e provocaram raras intervenções governamentais.
Embora a BYD tenha ganhado participação no mercado, as consequências estão crescendo, com investidores, órgãos reguladores e rivais que pressionam por uma espécie de reinicialização.
Pequim convocou os líderes do setor para negociações no início deste mês, dizendo aos fabricantes de veículos elétricos que não vendessem carros abaixo do custo ou oferecessem cortes de preços não razoáveis.
A guerra de preços dos veículos elétricos tem pesado muito sobre as ações das montadoras: a BYD, por exemplo, perdeu cerca de US$ 22 bilhões em capitalização de mercado desde o pico no final de maio.
Ainda assim, a empresa é vista como uma provável vencedora a longo prazo se os rivais menores e médios forem eliminados, o que permitirá que aumente sua participação dominante no mercado.
Li disse que a BYD planeja continuar a investir agressivamente fora da China, com foco especial na Europa. A empresa espera gastar até US$ 20 bilhões na região nos próximos anos, disse ela.
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A participação de mercado da BYD cresce rapidamente nos principais países europeus, incluindo Alemanha, Reino Unido e Itália, ajudada por uma rede de concessionárias em rápida expansão e ofertas com preços competitivos, especialmente os híbridos plug-in.
A empresa recentemente ultrapassou a Tesla na Europa, uma mudança atribuída, em parte, ao fato de a BYD oferecer uma linha mais ampla de modelos.
A empresa de Elon Musk também sofre boicotes de consumidores por causa de seu envolvimento com a política e com o governo Trump, anti-Europa.
Atualmente, a BYD vende cerca de nove a dez veículos na região, em comparação com os quatro da Tesla.
Li acrescentou que a BYD investe de forma acentuada no serviço de pós-venda e espera que sua participação no mercado europeu aumente ainda mais à medida que mais clientes se familiarizem com a tecnologia e o suporte da empresa.
“Se decidimos fazer algo, colocamos todos os nossos recursos por trás disso”, disse ela. “Queremos ter certeza de que será bem-sucedido no longo prazo.”
-- Com a colaboração de Chunying Zhang.
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