Bloomberg — A Magnum Ice Cream Company espera um crescimento orgânico anual de vendas de 3% a 5% a partir do ano que vem - em linha com o mercado global - e planeja se concentrar na redução de custos depois que for desmembrada da controladora Unilever.
O fabricante de sorvetes, que é dona das marcas Ben & Jerry’s, Cornetto, Carte D’Or e Kibon (também conhecida como Wall’s, Good Humor e Olá em outros países), prevê ainda um fluxo de caixa livre entre 800 milhões de euros (US$ 941 milhões) e 1 bilhão de euros em 2028 e 2029, de acordo com um comunicado na terça-feira (9).
A divulgação dos dados faz parte de sua primeira grande apresentação aos investidores antes de sua oferta pública inicial em Amsterdã, prevista para meados de novembro.
A Magnum, a maior fabricante de sorvetes do mundo, pretende mostrar aos investidores que será capaz de estimular o crescimento e aumentar os volumes e as margens, uma vez desmembrada da Unilever.
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Seu argumento é que a empresa poderá alocar capital e recursos de forma mais eficaz, com custos mais baixos do que como uma divisão da Unilever. A meta é economizar 500 milhões de euros a médio prazo, incluindo a redução do número de fornecedores em 50%.
O guidance de vendas da Magnum “não deve ser uma surpresa”, uma vez que ela espera que o mercado global de sorvetes cresça de 3% a 4% ao ano, embora sua meta ainda “pareça ambiciosa”, disseram analistas da RBC, incluindo James Edwardes Jones, em uma nota.
Embora a unidade de sorvetes da Unilever tenha registrado um crescimento de vendas de 5,9% no primeiro semestre deste ano, seu histórico de longo prazo tem sido irregular - em parte devido à natureza sazonal do negócio, que torna difícil manter o impulso no final do ano, durante o inverno nos países do hemisfério Norte. Ainda assim, a divisão foi a menos lucrativa da Unilever.

O alto custo de produção e armazenamento, bem como a alta dos preços das principais commodities, como o cacau, reduziram as margens da fabricante do sorvete Cornetto.
“É um negócio com características muito diferentes do restante da Unilever”, disse o CEO do grupo, Fernando Fernandez, na semana passada.
Disputa com a Ben & Jerry’s
Uma das principais fontes de atrito foi a disputa com uma de suas marcas mais conhecidas, a Ben & Jerry’s, cujo conselho independente recentemente levou a Unilever ao tribunal por causa do que chamou de tentativas de amordaçar o ativismo social da marca.
A animosidade seguiu a Magnum em seu dia de apresentações ao mercado de capitais, durante o qual o cofundador da Ben & Jerry’s, Ben Cohen, protestou do lado de fora do local, no centro de Londres.
“Não acreditamos mais que a Ben & Jerry’s pertença ao guarda-chuva de uma entidade corporativa que não apoia sua missão de fundação”, escreveram Cohen e o outro cofundador da marca, Jerry Greenfield, em uma carta ao conselho da Magnum.
Questionado sobre a marca que a Unilever comprou em 2000, o CEO da Magnum, Peter ter Kulve, reiterou que sua empresa planejava mantê-la.
“Jerry e Ben, desde o início, eram ativistas”, disse ele. “Você nem sempre quer concordar com eles, mas sempre quer abraçá-los. O negócio não está à venda. Ele está totalmente integrado à empresa Magnum.”
A Unilever, por sua vez, ainda manterá uma participação de cerca de 20% na Magnum, que pretende reduzir em cinco anos.
Com quatro das cinco maiores marcas de sorvete do mundo, a Magnum terá uma participação de 21% no mercado global - cerca do dobro da rival Froneri, fabricante da Häagen-Dazs, de acordo com a empresa.
Esse peso no mercado significa que a empresa não pode se esquivar do desafio que o setor de sorvetes enfrenta com o aumento da popularidade dos medicamentos GLP-1 para perda de peso.
Medicamentos que inibem o apetite, como o Wegovy, da Novo Nordisk, e o Zepbound, da Eli Lilly, estão levando as pessoas a comerem porções menores e mais saudáveis e a priorizarem a ingestão de proteínas para evitar a perda de massa muscular.
Cada 12% de penetração do GLP-1 equivale a uma redução de 0,5% nos volumes de sorvete, disse ter Kulve aos investidores, acrescentando que a Magnum planeja melhorar o perfil nutricional de seus produtos.
Em comparação com lanches como batatas fritas e produtos de padaria, no entanto, o sorvete é menos afetado “porque somos mais [um produto consumido durante] uma ocasião especial”, disse ele.
-- Com a ajuda de Sabah Meddings.
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