Em meio à crise, CEO da Ambipar perde fatia na empresa após venda de ações de garantia

Com a preocupação sobre a liquidez da Ambipar, o Bradesco, a Genial Investimentos e o Grupo Opportunity venderam ações de propriedade de Tércio Borlenghi Jr que eram mantidas como garantia. Empresa diz que transação viola proteção judicial

Com a preocupação sobre a liquidez da Ambipar, o Bradesco, a Genial Investimentos e o Grupo Opportunity venderam ações de propriedade de Tércio Borlenghi Jr que eram mantidas como garantia
Por Rachel Gamarski
10 de Outubro, 2025 | 05:22 PM

Bloomberg — Após semanas de crise na Ambipar, o acionista controlador - e CEO - da empresa perdu parte de sua participação nela. Paralelamente, um ex-executivo de alto escalão diz na Justiça que as ações do CEO são as responsáveis pela atual crise de dívida.

Conforme os investidores ficavam preocupados com a liquidez da Ambipar, o Bradesco, a corretora Genial Investimentos e o Grupo Opportunity venderam ações de propriedade do CEO Tércio Borlenghi Jr e mantidas como garantia, de acordo com um documento divulgado na sexta-feira (10).

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As vendas, que ocorreram entre 25 de setembro a 6 de outubro reduziram a participação de Borlenghi de 73% para 68%, disse a empresa, que argumenta que as transações violam uma ordem de proteção judicial.

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Borlenghi Jr afirmou que adotará medidas legais para reverter a diluição. O Bradesco não quis comentar, e a Genial não respondeu.

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O Opportunity afirmou que a venda das ações no mercado secundário não estava vinculada a nenhuma execução de dívida e não afetou o caixa da Ambipar.

A Ambipar, que atua em mais de 40 países, buscou proteção emergencial contra credores por meio de um tribunal do Rio de Janeiro no mês passado, alegando que as demandas por pagamentos poderiam desencadear cláusulas de default cruzada em sua dívida de aproximadamente R$ 10 bilhões.

A Ambipar trabalha para entrar com pedido de recuperação judicial na próxima semana, segundo a Bloomberg News relatou no início desta semana.

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Suas ações despencaram mais de 90% desde o final de setembro. Chegaram a subir 54% na sexta-feira, mas devolviam a maior parte desses ganhos às 14h21 em São Paulo.

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Borlenghi Jr disse no processo que a venda “irregular” de ações da Ambipar em um curto período de tempo resultou em uma perda estimada de aproximadamente R$ 20 bilhões em valor de mercado.

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A Ambipar atribui a crise a um adendo assinado com o Deutsche Bank para um contrato de swaps, estabelecido pela primeira vez em fevereiro.

O adendo ao contrato de swaps, datado de 18 de agosto, afirma que os pagamentos da Ambipar ao banco também poderiam ser feitos por meio de instrumentos de crédito, incluindo seus títulos pelo valor de face.

Isso permitiu que a empresa obtivesse financiamento a taxas de juros muito mais baixas, de acordo com o documento, que afirma que o acordo de derivativos foi aprovado pelo diretor financeiro, pelo CEO e pelo tesoureiro da Ambipar.

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O ex-CFO da empresa, João Arruda, reagiu e argumentou na Justiça que o adendo assinado com o Deutsche Bank representava uma gestão financeira eficiente e vantajosa.

Ele também disse que a deterioração do risco de crédito da empresa foi causada por uma série de ações tomadas pelo CEO, de acordo com um documento protocolado no tribunal do Rio de Janeiro.

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