CFO do Nubank aponta desafios de operação no México

Guilherme Lago, do Nubank, diz à Bloomberg News que banco está aprendendo a precificar empréstimos no país dada a limitação de histórico da população com serviços financeiros

Sede do Nubank em São Paulo
Por Michael O'Boyle
26 de Outubro, 2023 | 05:57 PM

Bloomberg — As operações da Nu Holdings (NU) no México não devem alcançar lucratividade neste ano nem em 2024, disse o diretor financeiro (CFO) do banco digital, Guilherme Lago, em entrevista à Bloomberg News.

Ele também prevê que os empréstimos com pagamento em atraso no país permanecerão elevados à medida que o Nubank lança produtos para consumidores normalmente pouco atendidos pelos bancos mexicanos.

“Temos que realmente aprender como precificar pessoas que não têm nenhum histórico de crédito. E, portanto, precisamos investir nessas transações e aprender com elas”, afirmou Lago nesta semana, na Cidade do México. “Nossos níveis de inadimplência no México provavelmente serão superiores à média do setor.”

O Nubank, que conta com a Berkshire Hathaway de Warren Buffett entre os seus acionistas, aposta no crescimento da segunda maior economia da América Latina, já que procura replicar o seu modelo de negócio brasileiro em mercados com menos penetração.

PUBLICIDADE

O Morgan Stanley (MS) disse na semana passada que as ações do Nubank poderiam dobrar até o final de 2026 com a expansão na América Latina, elevando seu valor de mercado para mais de US$ 100 bilhões.

O banco fundado no Brasil registou níveis de inadimplência em empréstimos de quase 12% no México nos dois primeiros trimestres do ano, embora tenham caído para 11% em julho e cerca de 10% em agosto, mostram dados do regulador bancário mexicano. Os cartões de crédito emitidos pelos principais bancos apresentam inadimplência de cerca de 3,2%.

No longo prazo, Lago disse esperar que os níveis de inadimplência no México permaneçam acima do Brasil. Cerca de 50% dos seus clientes mexicanos nunca tiveram um cartão de crédito antes — no Brasil, 90% dos clientes tinham uma relação bancária anterior, disse ele.

“À medida que continuamos a crescer muito rapidamente no México, continuaremos a registrar perdas contábeis”, afirmou. “Mas o VPL, os grupos de todos os produtos, continuam super saudáveis e super lucrativos.”

O Nubank está lançando produtos de conta de depósito e cartão de crédito no país e também busca licença bancária para poder oferecer mais serviços. O banco, que atualmente possui uma licença de empréstimo não bancária no México, iniciou esse processo neste mês, algo que, historicamente, leva de 12 a 18 meses, disse Lago.

Aumentar os depósitos é “crítico” para continuar a expandir o seu negócio de cartões de crédito no México devido às significativas necessidades de capital de giro no país, onde os comerciantes são pagos em um dia útil, contra 27 dias em média no Brasil. O banco digital, sem agências, está perto de anunciar acordos com varejistas em que os clientes poderão retirar dinheiro, acrescentou.

O Nubank tem mais de 90 milhões clientes no Brasil, na Colômbia e no México, onde já conta com 3,6 milhões de clientes após lançar seu cartão de crédito em 2020.

PUBLICIDADE

“O México pode ser tão grande para nós quanto o Brasil”, disse Lago. “Não acreditamos que a grande oportunidade para nós seja, na verdade, roubar participação de mercado dos bancos históricos entre os titulares de cartões de crédito existentes. Mas na verdade é para aumentar o tamanho do bolo e ganhar participação de mercado entre as pessoas que não têm ou têm poucos serviços bancários.”

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

De CFO a RI: quais são os cargos com os maiores salários na área de finanças

Nubank adapta produtos do Brasil para crescer no México, diz Cris Junqueira

Exclusivo: O plano do Nubank para ganhar escala global com uso de tecnologia