Bloomberg Línea — Com impulso de recentes aquisições, o BTG Pactual (BPAC11), liderado por Roberto Sallouti (CEO) e André Esteves (chairman), registrou lucro líquido recorde de R$ 4,2 bilhões no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 24,2% em relação ao período imediatamente anterior e de 42% em 12 meses.
Em meio a um cenário de juros ainda elevados que tem pressionado o mercado de capitais, o banco expandiu tanto suas receitas, que chegaram a R$ 8,3 bilhões (alta de 38% em 12 meses), quanto sua base de clientes.
O resultado do lucro superou o consenso de estimativas dos analistas (R$ 3,7 bilhões), segundo a Bloomberg.
O ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Médio) alcançou 27,1% no trimestre, diante da performance das diferentes unidades de negócio do banco. No semestre, o indicador ficou em 25,1%, com receitas acumuladas de R$ 15,1 bilhões.
“Encerramos mais um trimestre com resultados expressivos, marcados por desempenhos recordes em praticamente todas as linhas de negócios e um ROAE excepcional de 27,1%”, afirmou Sallouti em nota à imprensa.
Na avaliação do CEO, os números refletem a capacidade de geração de valor de forma consistente e a solidez de um modelo de negócios diversificado.
“Seguimos investindo na expansão e na sofisticação de nossas plataformas, com foco contínuo em eficiência, disciplina de capital e na oferta completa de produtos e serviços aos nossos clientes”, completou o executivo.
A carteira de crédito se expandiu 22% no ano, totalizando R$ 237,9 bilhões. O crescimento trimestral foi de 3,1%, sustentado pela diversificação de ativos e por critérios de originação aplicados pela instituição.
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As plataformas de Asset & Wealth Management registraram captação líquida de R$ 59 bilhões no trimestre. O total de recursos sob gestão (AuM/WuM) atingiu R$ 2,1 trilhões, consolidando a posição de liderança do banco no segmento.
O Investment Banking estabeleceu novo patamar de receitas, com R$ 782,1 milhões no período, acima do consenso de estimativas do mercado.
O crescimento de 105,6% no trimestre e 40,2% no ano foi impulsionado pelas operações de fusões e aquisições concluídas, segundo o balanço do banco.
A frente de dívida no mercado de capitais (DCM) também contribuiu para os resultados, acompanhando a recuperação da atividade de mercado.
Expansão da base de clientes
O Corporate Lending gerou receitas de R$ 2,106 bilhões, crescimento de 9% no trimestre e 37,3% no ano. A área se beneficiou da expansão da carteira de crédito e dos níveis de provisionamento mantidos pela instituição.
A divisão de Sales & Trading atingiu receitas de R$ 1,913 bilhão, estabelecendo novo recorde para a área. O resultado foi sustentado pela expansão da base de clientes e pela gestão de risco implementada.
O Asset Management registrou receitas de R$ 624,1 milhões, queda de 15,1% no trimestre. O AuM/AuA (ativos sob gestão e administração) cresceu para R$ 1,090 trilhão, alta de 6,3%, com captações líquidas de R$ 28 bilhões.
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A área de Wealth Management & Personal Banking manteve sua trajetória de crescimento, com receitas de R$ 1,239 bilhão no segundo trimestre. O patrimônio sob gestão (WuM) chegou a R$ 1,056 trilhão.
As captações líquidas no Wealth Management totalizaram R$ 30,6 bilhões, com capacidade de atração de recursos mesmo em cenário de juros elevados.
Pan, Julius Baer, JGP e HSBS Uruguai
A divisão de Participations contribuiu com R$ 278,6 milhões para as receitas trimestrais. Os resultados refletem o desempenho das participações no Banco Pan e na Too Seguros, seguindo a estratégia de portfólio da instituição.
O Banco Pan adotou estratégia de retenção de maior parcela do portfólio de crédito consignado. Por essa razão, o BTG Pactual não realizou novas aquisições na área durante o trimestre, alinhando-se à nova abordagem.
As despesas operacionais somaram R$ 3,263 bilhões, crescimento de 15,9% em relação ao trimestre anterior. O aumento decorreu principalmente do maior provisionamento de bônus, vinculado à geração de receitas.
A amortização do ágio da aquisição do Julius Baer, acertada no início do ano, também contribuiu para o crescimento das despesas, após a conclusão da operação no final de março. O índice de eficiência ajustado melhorou para 35,6%, abaixo da média histórica.
No segundo trimestre, o BTG Pactual também anunciou a compra da JGP Wealth Management. A operação foi concluída em julho e vai adicionar no terceiro trimestre cerca de R$ 18 bilhões de ativos sob gestão e administração à carteira de family office, que já supera R$ 100 bilhões, segundo nota do banco.
O apetite do BTG por novos ativos não parou com o Julius Baer, dentro de sua estratégia de expansão internacional.
No final do mês passado, o BTG Pactual anunciou a aquisição do HSBC Uruguai, expandindo sua presença na América Latina. A operação está sujeita ao cumprimento de condições precedentes, incluindo aprovações regulatórias do Banco Central do Brasil.
O patrimônio líquido do BTG encerrou o trimestre em R$ 63,7 bilhões, crescimento de 6,6% no período e 20,0% no ano. O índice de Basileia subiu para 16,2%, reforçado pela emissão de letras financeiras perpétuas.
A emissão de instrumentos de capital AT1 adicionou 30 pontos base ao índice de Basileia. O Índice de Cobertura de Liquidez (LCR) permaneceu em 170,1%, mantendo os níveis de liquidez da instituição.
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