BTG Pactual busca expansão em LatAm com pedido de licença bancária no Peru, diz CFO

Renato Cohn afirma a jornalistas que, depois de aquisição do HSBC Uruguai, o banco de investimentos prepara expansão no mercado peruano e tem Argentina e México no radar; operação internacional supera 20% da receita

Sede do BTG Pactual
12 de Agosto, 2025 | 05:47 PM

Bloomberg Línea — O BTG Pactual (BPAC11) protocolou um pedido de licença bancária no Peru há cerca de duas semanas, dando continuidade à estratégia de expansão regional que tem sido financiada pelos resultados recordes da instituição, segundo o CFO do banco, Renato Cohn.

A expansão peruana integra a presença já estabelecida em outros países latino-americanos, numa aposta regional iniciada pelo BTG em 2012.

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“Já temos presença física, em maior ou menor grau, no Chile, na Colômbia, no Peru, no México, e anunciamos a aquisição de um banco no Uruguai”, disse o executivo em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (12), ao comentar o balanço do segundo trimestre, se referindo à aquisição do HSBC Uruguai, anunciada no mês passado.

No segundo trimestre de 2025, o banco registrou retorno sobre patrimônio de 27,1%, com recordes de receita e lucro.

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As operações internacionais já representam parte substancial dos negócios do BTG. “No quarto trimestre de 2024, a carteira de crédito não exposta a empresas brasileiras nem a pessoas físicas do país chegou a 20%. De lá para cá, subiu um pouquinho”, disse o CFO.

As demais linhas de negócio também contribuem com cerca de 20% das receitas totais através de atividades internacionais. Nos últimos anos, o BTG adquiriu ativos nos EUA, como a Greytown Advisors e o M.Y. Safra Bank em 2024, e Europa, como o FIS Privatbank em Luxemburgo em 2023.

“Fizemos essa expansão na Europa e nos Estados Unidos muito mais para atender a comunidade latino-americana que já temos de hoje”, afirmou o CFO.

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Processo de licenciamento no Peru

O pedido da licença bancária peruana seguirá os trâmites regulatórios padrão da região, o que significa que deve ser um processo “um pouco mais longo”, segundo o CFO. O BTG já possui presença no Peru, mas sem autorização para atividades bancárias completas.

Sobre a estratégia regional, Renato Cohn disse que o banco sempre busca oportunidades de consolidar a expansão. O BTG também mantém interesse em outros mercados regionais, mas sem movimentações imediatas.

“O México é um mercado muito grande da América Latina, sempre olhamos com bons olhos uma possível expansão ali”, disse o CFO, acrescentando que o banco “nunca achou o melhor caminho para aumentar significativamente a presença”.

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Sobre a Argentina, ele expressou também interesse em expansão no mercado do país vizinho, em razão da proximidade e do relacionamento que o mercado do país tem com o Brasil. “Temos presença na Argentina e obviamente olhamos também sempre com interesse no desenvolvimento do mercado argentino”, afirmou.

Sustentabilidade dos resultados

Durante teleconferência com o mercado, analistas questionaram se o ROAE (retorno sobre o patrimônio médio) de 27,1% seria sustentável ou continha elementos não recorrentes, o que o executivo negou.

“Não teve nada não recorrente. Tivemos bons resultados em todas as linhas de negócio, mas não teve nenhum evento significativo que trouxesse o que chamamos de resultado não recorrente”, disse o CFO.

Para os próximos trimestres, a perspectiva combina crescimento estrutural com cautela nas áreas voláteis.

O desempenho do segundo trimestre permitiu ao banco revisar o guidance anual para a rentabilidade. No início do ano, o CFO indicava uma projeção de um ROAE acima da taxa do ano passado (23,1%).

“Achamos agora, com os resultados já atingidos, que o banco consiga um patamar de 24% ou um pouco acima disso”, disse o executivo.

Questionado sobre alteração na política de dividendos diante dos recordes consecutivos, o CFO disse que a política de dividendos atual prevê a distribuição de um montante em torno de 25% a 30% do lucro. Isso significa que o banco acumula entre 75% e 70% de capital. “Precisamos desse capital para continuar crescendo na mesma velocidade que hoje temos crescido”, afirmou.

Possível OPA do Banco Pan

Sobre uma possível OPA (oferta pública de aquisição) do Banco Pan, do qual o BTG Pactual já possui 50% de participação, o CFO manteve cautela.

“Sempre dizemos que temos eventualmente interesse em uma aquisição de ações do banco, mas isso depende muito do preço, a que preço que isso é feito”, disse.

“Estudamos isso periodicamente já há bastante tempo, mas no momento não tomamos essa decisão de fazer ou não, de ter um preço mais preciso para isso”, disse, acrescentando que “é sempre um estudo que vai acontecer recorrentemente.”

Banco Master: interesse seletivo em ativos

Sobre possíveis aquisições relacionadas ao Banco Master, o CFO foi claro sobre a estratégia. “O que eu disse inicialmente é que não temos nenhum interesse em nenhuma área de negócio do Banco Master”, afirmou em referência a uma fala feita em maio de que não teria interesse proativo no negócio.

Em março, o Banco BRB (BSLI4), controlado pelo governo do Distrito Federal, acertou a compra do Master, um anúncio que motivou uma série de investigações sobre o impacto da transação e a natureza da expansão do banco.

“Falei também que se tiverem ativos que achamos interessante comprar, a preços que achamos interessante comprar, sempre olhamos todo tipo de oportunidade, inclusive as oportunidades do Banco Master”, completou.

Em maio, o BTG anunciou a compra de R$ 1,5 bilhão em ativos do banqueiro Daniel Vorcaro, do Master.

“Fizemos uma aquisição de ativos, de novo, em coordenação com FGC [Fundo Garantidor de Créditos] e Banco Central. E se tiver oportunidade de comprar novos ativos, estamos abertos a fazer essas operações”, afirmou.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 30 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.