BC reforça tom de estabilidade da Selic em reuniões do FMI, diz Mesquita, do Itaú

A autoridade monetária aproveitou os encontros do FMI e do Banco Mundial para reiterar o compromisso com a estabilidade e a prudência na política monetária: “a mensagem foi de total consistência com o comunicado, o Relatório de Inflação e a ata da última reunião do Copom”, disse o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, em entrevista à Bloomberg

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú (Foto: Sarah Pabst)
Por Martha Beck
17 de Outubro, 2025 | 12:15 PM

Bloomberg — O Banco Central aproveitou as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para reforçar a mensagem de sua comunicação oficial, afirmou o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, em entrevista à Bloomberg.

Ao longo da última semana, os diretores de Política Monetária, Nilton David, e de Assuntos Internacionais, Paulo Picchetti, tiveram reuniões com investidores em Washington em eventos às margens do FMI.

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Nelas, ambos reforçaram que a economia está desacelerando, mas não deram pistas sobre quando os juros sairão de 15%.

“Nesse tipo de evento, as pessoas fazem perguntas para ver se mudou o pensamento do comitê”, disse Mesquita, que também participou de encontros na capital americana.

“E a mensagem foi de total consistência com o comunicado, o Relatório de Inflação e a ata da última reunião do Copom.”

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Ao longo da semana de debates no FMI, boa parte das conversas foi voltada para o futuro do processo produtivo e avanços em temas como inteligência artificial. Enquanto isso, segundo Mesquita, o debate no Brasil está parado no tempo.

“A discussão do debate público no Brasil é sobre dar isenção, mudar a regra de aposentadoria para um determinado grupo”, disse. “Podia voltar 10 ou 15 anos e estar debatendo a mesma coisa.”

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Fiscal

Pedro Schneider, economista do Itaú Unibanco que também esteve em Washington durante as reuniões do FMI, ressaltou que o Brasil tem focado numa agenda de aumento de receitas, com exclusão de algumas despesas da regra fiscal, e sem um plano de longo prazo.

“Ainda está muito na história de curto prazo e não numa trajetória crível para frente”, disse Schneider.

Nas reuniões, segundo o economista, as eleições presidenciais foram um driver menor para a observação da trajetória da política monetária do que a política fiscal ou o câmbio.

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“É uma eleição disputada, mas as pessoas ainda estão tentando descobrir o que tem no preço”, afirmou. “O driver de mercado tem sido mais o externo e aqui dentro uma discussão de política monetária tradicional que é, para o BC para levar a inflação para a meta, precisa do câmbio apreciar, precisa da economia desacelerar e, se o fiscal atrapalhar, ele pode ter que atrasar.”

Dominância do dólar

Outro tema de destaque no FMI foi a dominância do dólar, segundo Schneider.

A conclusão geral, no entanto, foi que a perda de força da moeda americana tem um limite diante da falta de substitutos perfeitos. Nos Estados Unidos, há déficits fiscais elevados, pioras na institucionalidade econômica e questionamentos à independência do Fed.

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Mas o euro não tem uma profundidade tão grande quanto o dólar, o mercado chinês possui controle de capitais, o ouro não é tão líquido e cripto é mais especulativo e volátil, avalia. “O resto do mundo não está brilhante”, disse Schneider.