3M avalia venda de ativos industriais de bilhões de dólares, dizem fontes

Segundo pessoas que falaram com a Bloomberg News, o conglomerado tem mantido conversas com o Goldman Sachs para analisar possíveis desinvestimentos

El problema de 3M para siempre y en todas partes
Por David Carnevali - Kiel Porter - Aaron Kirchfeld
04 de Outubro, 2025 | 11:22 AM

Bloomberg — A 3M considera vender ativos avaliados em bilhões de dólares de sua divisão industrial, como parte de um plano para se desfazer de negócios de baixo crescimento, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

O conglomerado tem mantido conversas com o Goldman Sachs para avaliar possíveis desinvestimentos, disseram as fontes, que pediram anonimato porque não estão autorizadas a falar publicamente.

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A unidade de Segurança e Indústria da 3M, que gerou cerca de US$ 11 bilhões em receita no ano passado, inclui negócios como produtos automotivos para o mercado de reposição, equipamentos de segurança pessoal, adesivos e fitas industriais, entre outros.

Ainda não há uma decisão final sobre prosseguir com a separação desses ativos, e a 3M pode optar por manter sua atual estrutura, acrescentaram as pessoas. Representantes da 3M, sediada em St. Paul, Minnesota, e do Goldman Sachs não comentaram o assunto.

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As ações da 3M, que chegaram a subir 1% na sexta-feira (3), encerraram o dia praticamente estáveis, cotadas a US$ 158,66, em Nova York, o que dá à empresa um valor de mercado de cerca de US$ 84,5 bilhões. O papel acumula alta de aproximadamente 18% nos últimos 12 meses.

Desde que assumiu o comando no ano passado, o CEO William Brown tem afirmado em teleconferências de resultados que analisa a venda de ativos “quando apropriado”.

Uma das principais iniciativas anteriores da 3M foi o spin-off de sua divisão de saúde, transformada na empresa de capital aberto Solventum, no ano passado.

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As ações da Solventum se recuperaram desde a mínima registrada em julho de 2024, e a companhia hoje tem valor de mercado próximo de US$ 13 bilhões.

“A liderança da 3M redefiniu prioridades para reativar o crescimento, direcionando P&D para o desenvolvimento de produtos e aprimorando a comercialização”, afirmaram os analistas Mustafa Okur e Karen Ubelhart, da Bloomberg Intelligence, em relatório publicado esta semana. “O processo de redução de portfólio está em andamento, mas mudanças mais amplas podem ser necessárias.”

Brown também tenta recolocar a 3M em trajetória de crescimento orgânico de vendas, e as três divisões da empresa apresentaram expansão nos últimos três trimestres. Ele também precisou lidar com os tarifas do governo Trump, adotando medidas de mitigação como a realocação de parte da produção e ajustes de preços.

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Uma das metas de Brown tem sido fortalecer o fluxo de caixa e o desempenho operacional para reduzir a preocupação de investidores com passivos legais.

Em 2023, a 3M anunciou um acordo de até US$ 12,5 bilhões, a ser pago ao longo de 13 anos, para financiar testes e tratamento de água em cidades afetadas por substâncias per e polifluoroalquil (PFAS) — conhecidas como “químicos eternos” por permanecerem no corpo e no meio ambiente.

A empresa também aceitou pagar US$ 6 bilhões para encerrar processos que alegavam que ela vendeu protetores auriculares defeituosos a militares dos Estados Unidos, causando perda auditiva e zumbido. Nenhum dos acordos incluiu admissão de culpa.

De acordo com o analista Julian Mitchell, do Barclays, as obrigações financeiras da 3M com esses acordos — e eventuais novas ações relacionadas a PFAS — podem limitar a capacidade da companhia de realizar grandes desinvestimentos. Ele observou que é improvável que um comprador queira assumir essas responsabilidades legais.

Ainda assim, Mitchell afirmou que “alguns desinvestimentos são muito prováveis ao longo do próximo ano”, dado o interesse de Brown em tornar a empresa mais focada e eficiente.

-- Com a colaboração de Ryan Gould e Brooke Sutherland.

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