Wall Street se divide sobre as perspectivas de lucros de empresas em 2024

Por um lado, estrategista do Morgan Stanley demonstra otimismo; mas no JPMorgan, clima é de cautela com inflação, câmbio desfavorável e tensões geopolíticas

Pesquisa mais ampla com estrategistas aponta que entrevistados esperam que lucros das big techs impulsionem o S&P 500 (Foto: Yuki Iwamura/Bloomberg)
Por Sagarika Jaisinghani
22 de Abril, 2024 | 01:26 PM

Bloomberg — Os estrategistas dos principais bancos de Wall Street estão divididos sobre a capacidade das empresas americanas de corresponder às expectativas de lucros robustos este ano.

Enquanto Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS), diz que espera que o crescimento dos lucros melhore ao longo de 2024 e 2025, à medida que a economia se fortalece, Mislav Matejka, do JPMorgan (JPM), argumenta que inflação elevada, dólar forte e tensões geopolíticas ofuscam as perspectivas.

“Os investidores esperam que o lucro por ação do S&P 500 suba quase 20% no quarto trimestre em relação aos níveis projetados para o primeiro trimestre”, disse Matejka. “Essa taxa esperada é muito alta em nossa opinião.”

O foco nos lucros surge em um momento em que a alta das ações americanas foi prejudicada por um salto nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Depois de bater um recorde atrás do outro no primeiro trimestre, o índice S&P 500 caiu mais de 5% em abril, diante de sinais de que o Federal Reserve está disposto a manter os juros altos por mais tempo.

PUBLICIDADE

Leia mais: Wall St vê retomada de M&As e emissões, mas por que evolução ainda é incompleta

Gráficodfd

Tanto Wilson quanto Matejka afirmam que a pressão recairá sobre os lucros, e não sobre os juros, para impulsionar mais ganhos a partir daqui.

Mas Matejka acha que o mercado ainda mostra um nível de “complacência”, já que não está mais precificando um “risco significativo de desaceleração no próximo ano”. O estrategista permanece entre as vozes mais pessimistas em relação às ações dos EUA este ano.

PUBLICIDADE

Wilson – que estava entre os mais pessimistas em 2023, apesar de um rali de 24% do S&P 500 – adotou um tom mais equilibrado. Ele disse que uma aceleração na atividade das empresas, apoiada por novos pedidos, “valida a expansão contínua dos lucros”.

Leia mais: Embraer: o que explica os ganhos de mais de 40% das ações em 2024

“Com isso em mente, acreditamos que o otimismo cauteloso ainda se justifica”, disse Wilson. Mesmo assim, ele espera que a maior parte do crescimento dos lucros ocorra no final do ano. No curto prazo, o estrategista disse que o S&P 500 enfrentará quedas de até 5% se os rendimentos dos títulos permanecerem nos níveis atuais.

Enquanto isso, a última pesquisa Markets Live Pulse, do blog de mercados da Bloomberg, mostrou que os participantes esperam que lucros bons tirem o S&P 500 de seu marasmo. Com a previsão da publicação dos balanços das gigantes de tecnologia esta semana, quase dois terços dos 409 entrevistados disseram esperar que os lucros deem um impulso ao índice de referência.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

América Latina foi a primeira região a cortar juros. Agora se vê sob pressão do Fed

‘No Stress’: fundo é alvo de disputa na Justiça entre Americanas e Planner